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Embaralha e dá de novo!

Ao fim de cada rodada, as cartas voltam ao monte, são embaralhadas e redistribuídas

Por Arthur Lessa Edição 04/02/2022

O verão está acabando, o Som Maior Verão encerra nesta sexta-feira mais uma temporada no Calçadão do Balneário Rincão e segunda-feira que vem, dia 7, volta ao ar na Rádio Som Maior, a partir das 12h, o 60 Minutos (finalmente!!!).

Falando em verão, um dos hábitos mais característicos, que mais marcam meus verões desde que me lembro, é jogar baralho. É o que agita as tardes na casa amarela, desde quando ela pertencia à minha avó, até hoje, com a minha tia.

Olhando hoje, chega a ser engraçado. As crianças da família almejavam uma cadeira em alguma mesa de canastrão, mas só conseguiam depois de completar pelo menos uns 12 anos. Pra compensar, pegar algum baralho mais velho e jogávamos pife, uma espécie de versão demo do “evento principal”.

Além de juntar os membros da família por horas, e proporcionar uma divertida competição, algo que pode nos servir de lição é que cada rodada abre e fecha em si mesmo. Independente de quantos pontos seu adversário registrou acima dos seus, as cartas voltam ao monte, são embaralhadas e redistribuídas, da maneira mais democrática e aleatória possível.

E eu só atentei a isso quando vi uma entrevista do Arnaldo César Coelho para o podcast Mesa pra Quatro, da Empiricus.

O ex-árbitro e ex-comentarista, que, além de grande nome do futebol mundial, foi diretor da Nestlé, agente autônomo de investimentos (AAI) e dono de banco de investimentos, foi perguntado sobre um episódio em que tenha perdido muito dinheiro.

Ele então deu um exemplo hipotético de um jovem AAI recém-contratado que, por não ter entendido direito o pedido do cliente, vendeu 100 ações de uma empresa no lugar de comprar. Falha grave, mas muito comum, principalmente quando não havia homebrokers e aplicativos para investir. O que fazer numa situação dessas?

Em resumo, ele explicou o seguinte:

Zera a posição! Não tem problema.

O primeiro prejuízo é o menor. É uma regra clássica!

Não fique torcendo, não fique esperando o ativo voltar no preço que estava para você fechar a operação sem perder nada.

Cada dia que passa, você não dorme e o prejuízo aumenta.

Embaralha e dá de novo.

(se tiver interesse o vídeo está no fim do texto, iniciando nessa resposta)

Exemplo didático. Simples e claro. Ou, parafraseando o próprio: A regra é clara!

Me arrisco a dizer que, ao ler/ouvir essa resposta, você pensou algo como “naquela vez eu segurei aquela ação com prejuízo esperando voltar”, “insisti demais naquele projeto” ou “devia ter desistido daquele produto que não vendia nada anos atrás”.

É difícil aceitar uma falha. Configurar uma derrota. Outra regra clara do mercado, mas essa pode jogar muita gente no mato se aplicada no contexto errado, é que “só perde dinheiro quem vende”, em alusão a vender os ativos “derrotados” e oficializar o prejuízo ao receber menos que o investido.

Mas aí você olha ações como OIBR3, da telefônica Oi, em recuperação judicial e que viu seu preço cair de quase R$ 100 por ação para em torno de R$ 1 pela mesma ação. Pense bem… Pelo mesmo valor que você adquiria a ação da empresa em abril de 2012 você poderia adquirir um lote de 100 ações na semana passada e ainda sobrava troco. Você quer mesmo acreditar que deve segurar essas ações para que ela voltem ao mesmo patamar?

Tem horas que a derrota acontece, é inevitável. Em casos como esse, o importante (e super difícil) é entender que aconteceu, aceitar, engolir o prejuízo (e o choro, em algumas situações), se livrar do mico e direcionar os recursos que sobraram para outra oportunidade que esteja se apresentando.

Levando, sacode a poeira, junta as cartas, embaralha e joga de novo.

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