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Escola Padre Miguel Giacca: Palco de educação, relações e memórias

Instituição, nesta semana, completou 100 anos de fundação

Geórgia Gava e Stefanie Machado Edição 01/07/2022
Foto: Ulisses Job/ Especial 4oito
Foto: Ulisses Job/ Especial 4oito

Ela é importante não ‘somente’ pela formação de milhares de estudantes ao longo de dez décadas, mas, também, é um dos principais agentes sociais de Criciúma. Palco de histórias emocionantes, a Escola Padre Miguel Giacca, localizada no Distrito de Rio Maina, completa 100 anos de fundação neste semana. Uma conquista que merece, e deve, ser comemorada. 

Nas dependências da Escola Pe. Miguel Giacca, cada canto é um arsenal de memórias, daqueles que já passaram - e frequentaram -, a instituição, e dos que ainda fazem parte deste cotidiano. “É quase que imensurável a gente pontuar a transformação e importância que ela tem para a nossa comunidade escolar”, comenta a diretora, Marilda Marcos Lopes. 

Diretora comemorou o centenário da instituição junto aos colegas e estudantes/ Foto: Ulisses Job

A professora de história, há dez anos, se dedica a coordenar a instituição. Com a fala entusiasmada, ela demonstra o amor pela profissão e, sobretudo, pela escola. “As histórias são tão bonitas, de encantar. É um ambiente familiar, que passa de geração em geração”, menciona Marilda. 

“Existe uma escadaria vermelha aqui, que não foi revestida por muito tempo e realmente não vai ser, porque contam que 80% dos moradores da nossa região se conheceram nesse local. Conversaram, namoraram, casaram e tiveram filhos que estudaram aqui. Se a gente fizer um resgate, é lindo”, acrescenta a diretora. 

As memórias são tantas, que em 2012, quando a instituição completara 90 anos, o projeto ‘Fui aluno e faço parte desta história’, foi criado. “Era como um pedido de socorro, já que a escola era mal estruturada, não recebia um cuidado legal. Chamamos ex-alunos parceiros e cada um adotou uma parte da estrutura e ela ficou maravilhosa”, relembra Marilda.

A diretora conta que o projeto fez com que a administração da escola conhecesse médicos, advogados e dentistas, além de outros profissionais, que também foram estudantes da Escola Pe. Miguel Giacca. “Temos uma professora que já foi aluna e é filha de uma professora, que também já foi estudante da instituição”, pontua. 

“O estudante é o protagonista” 

Uma das principais mudanças desde a sua fundação está relacionada ao ensino, em todas as esferas, mas, especialmente, à forma como as aulas são aplicadas, já que, atualmente, a tecnologia é uma grande aliada. 

“Ao longo dos anos, na questão educacional, a diferença é enorme. Não dá mais para se pensar em uma educação tradicional, onde o aluno ouve o que o professor passa e é um agente repetidor. Hoje, o estudante é protagonista do conhecimento e da história. E tem que ser assim”, defende Marilda. 

Da paixão platônica para o amor duradouro

Além do aprendizado, a escola também representa o momento em que se vive as primeiras experiências da vida. Dos amigos na infância, à descoberta de quem se quer ser e aos amores na adolescência. É o caso de Beto Colombo, egresso do Miguel Giacca, que viu o seu coração bater mais forte por uma colega de classe, em meados da década de 1970, aos 11 anos.  

Beto Colombo e a esposa Albany/ Foto: Ulisses Job  

“A minha maior conquista foi quando, na 6ª série, eu conheci uma menina, considerada a menina mais bonita do colégio. E comecei a namorar com ela. Era um amor platônico, por cartinhas, mandando recados. Ela escrevendo, eu escrevendo”, relembra. 

Pouco mais de dez anos depois do primeiro encontro, Beto casou com Albany, a menina que recebia suas cartas lá na época da escola. “Casei com ela aos 22 anos. É a minha esposa hoje e mãe dos meus filhos. É uma lembrança muito bonita que eu tenho desse colégio”, afirma o ex-aluno. 

Casal volta ao local onde se encontraram há anos/ Foto: Ulisses Job

Junto daquele amor platônico, também nascia uma outra paixão: pelas palavras. “Ali, eu aprendi a desenvolver a escrita, a poesia e a redação, através de cartinhas para essa menina”, conta Beto. Hoje, além de filósofo clínico e empresário, o ex-aluno também é autor de diversos livros. 

Os ensinamentos e valores aprendidos na fase escolar sustentam a vida pessoal e profissional até hoje. “Praticamente tudo o que me fez como ser humano eu aprendi ali, nos primeiros anos de escola, nas disciplinas, compartilhando conhecimento. Eu tenho uma gratidão muito grande pelo colégio, pelos professores”, ressalta o escritor. 

O legado e a herança familiar presente na escola

Cem anos de história também guardam dezenas de gerações que passaram pela Escola Padre Miguel Giacca. O colégio, referência em ensino em Criciúma, foi local de aprendizado de pais, filhos e irmãos. Tudo isso deixa o legado e a herança de inúmeras famílias marcados na história. 

Colégio é referência de ensino em Criciúma e região/ Foto: Ulisses Job

O empresário Lodelteo Uggioni, o Deto, viveu, junto de seus irmãos, a experiência enriquecedora da jornada escolar. O egresso estudou no colégio entre os anos de 1972 e 1980, do ensino fundamental ao médio. “Lá aprendi não só a ler e escrever, mas também valores. Foi lá que aprendi sobre caráter, altruísmo e conviver em sociedade, aprendi a fazer amigos”, comentou. 

Ao todo, mais de dez pessoas da família de Deto passaram pela escola centenária, inclusive suas três filhas. Após mais de 40 anos desde o último contato com o colégio como aluno, as lembranças dos professores, amigos, festas e gincanas permanecem vivas na memória. 

“Posso dizer sem medo de errar que tudo que sou hoje em grande parte aprendi com os ensinamentos dos meus pais e da escola, lá foi o início de toda a minha vida social e profissional”, destaca Deto. 

Espaço de acolhimento

A Escola Miguel Giacca também é sinônimo de acolhimento, especialmente, para os estudantes que passaram pelas salas de aula da instituição, em busca de conhecimento e educação. Ao longo destas décadas, foram milhares e milhares de alunos que contribuíram para a consolidação da história. 

Uma destas histórias é de Miguel Pierini, vereador de Criciúma. Na instituição, ele estudou 12 anos, o suficiente para construir sólidas relações que perduraram ao longo de sua vida. 

“Foi lá onde tive minha segunda, terceira e quarta mãe; onde tive meu segundo, terceiro e quarto pai, que foram os professores que me acolheram com muito carinho”, relembra, saudoso, o vereador criciumense.  

“Para mim, é muito gratificante falar sobre o Giacca. É um colégio que tenho muita gratidão. Fiz milhares de amigos que permanecem até hoje”, comenta. 

Como vereador, Pierini propôs uma Sessão Especial diretamente da Escola Pe. Miguel Giacca e, além disso, uma Moção de Aplauso também homenageou a instituição. “É o mínimo que eu poderia fazer. É uma data de envergadura”, frisa o parlamentar. 

Mais de mil alunos na instituição 

Atualmente, mais de mil alunos fazem parte do corpo discente da instituição. “A gente tem 14 salas de aula e, com certeza, se tivéssemos mais, estariam cheias, porque sempre temos fila de espera”, enfatiza a diretora. 

Colaboradores e estudantes celebram os 100 anos da Escola Pe. Miguel Giacca/ Foto: Ulisses Job

São 80 colaboradores que fazem parte da Escola Pe. Miguel Giacca, considerando os setores pedagógico, administrativo e docente. “Eles são o coração da instituição. A nossa equipe, realmente, é de ponta, engaja e também se preocupa com o protagonismo do aluno”, finaliza Marilda.  

Veja a galeria de fotos antigas da Escola Pe. Miguel Giacca:

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