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Pequenos atletas, grandes talentos

Das 295 cidades catarinenses, Criciúma foi escolhida para sediar o Jesc pela primeira vez na história

Por Giovana Bordignon Edição 15/07/2022
Foto: Antônio Padro/ Fesporte
Foto: Antônio Padro/ Fesporte

Entre atletas, treinadores e pais orgulhosos, Criciúma recebeu quase quatro mil pessoas representando suas escolas e municípios na etapa estadual dos Jogos Escolares de Santa Catarina (Jesc) 2022. A competição, que percorre o mês de julho, encerrando-se no dia 24, está na sua 12ª edição e, das 295 cidades catarinenses, a Capital do Carvão foi escolhida para sediar o evento pela primeira vez na história. Para o presidente da Fundação Municipal de Esportes (FME), Neto Uggioni, esse é um momento histórico para a cidade.

Foto: Antônio Prado / Fesporte

“Tem que ser corajoso pra receber um evento desses, até porque, é uma demanda muito grande", destacou Neto. “O Governo Municipal está muito preparado para receber um evento desse grande porte, até porque, são quatro mil pessoas. No ano passado, a gente já recebeu joguinhos abertos na cidade só que foi fragmentado, menos pessoas. Por isso, esse ano a gente optou em receber o Jesc”, completou.

Mais importante que vencer, é competir

Os jovens de 15 a 17 anos chegaram em Criciúma na última sexta-feira, dia 8. Vindos de todas as partes do estado, cada um deles trouxe consigo a vontade de levar o título para casa. A capitã do time de futsal do Colégio Estadual Professor Salustiano Antônio Cabreira, de Faxinal dos Guedes (extremo Oeste de SC), Maria Eduarda de Souza, enfrenta o último ano nos Jesc e busca fechar o ciclo com chave de ouro.

Foto: Capitã do time de futsal de Faxinal dos Guedes, Maria Eduarda de Souza

A atleta tem 17 anos, frequenta o último ano do ensino médio e participa dos jogos desde os 12 anos. A expectativa é ainda maior do que as edições anteriores. “É muito gratificante a gente conseguir ter chegado até aqui. Nos outros anos, também participávamos das competições, mas nunca chegou tão longe. Essa é a primeira vez pra nós e pra nossa cidade. Ficamos muito felizes. É uma oportunidade única pra muitas aqui”, disse, empolgada.

“Como um time a gente sabe que, mesmo não tendo sido tão bom pra gente dentro de quadra, pelo menos estamos aqui, muitas outras pessoas gostariam de estar também. A gente se sente grato em poder representar essas pessoas”, contou. Mesmo perdendo a partida, elas não diminuem a esperança. E, acima de tudo, o que prevalece é o espírito esportivo, que apenas quem vive sabe e, esses jovens, conhecem muito bem.

“Ficamos chateados com a derrota, em uma competição todo mundo quer ganhar, mas todas as equipes que a gente enfrentou até agora tinham muito espírito esportivo. Eu acho que isso que é bonito no esporte!”, comentou a atleta.

Espírito esportivo para além da rivalidade

A treinadora de vôlei da EEB Sara Castelhano Kleinkauf, de Guaraciaba (Extremo Oeste de SC), Janaina Capellari, tem o mesmo objetivo. Almejando a vitória, o foco é enfrentar o adversário dando o máximo de si. “Aqui fora todo mundo é amigo, todo mundo se conhece ou já jogaram juntas, mas dentro de quadra a rivalidade prevalece, sempre querem vencer”, contou.

Foto: Treinadora de vôlei de Guaraciaba, Janaina Capellari

Ao contrário de Maria, a treinadora está pela primeira vez no Jesc e tem a responsabilidade de carregar um nome conhecido na competição. Já é de praxe a permanência da escola até o mais próximo do fim e, neste ano, a meta não é diferente. “A expectativa está grande, a gente espera fazer um bom campeonato, se classificar legal e, depois das quartas e semis, tentar chegar na final para levar o título”, exclamou Janaina.

Treinamentos árduos conquistam resultados positivos

Do outro lado do estado, o jogador de handebol, Cauã Amadeus de Faria, representa o EEM Professor Roberto Grant, de São Bento do Sul (Nordeste de SC). Aos 16 anos, o atleta continua o legado do irmão mais velho, que foi campeão do estadual. “Nossa expectativa está bem grande. Para nós, os times estão todos parelhos, acreditamos que conseguimos ficar entre os três primeiros lugares”, conclamou.

Foto: Jogador de handebol de São Bento do Sul, Cauã Amadeus de Faria

A preparação da equipe exige uma rotina regrada, treinos quase todos os dias e bom condicionamento físico. “A gente treina segunda, quarta, quinta e sexta-feira e treinamos com o time adulto de lá também. A gente tem uma boa preparação”, disse Cauã. “Pra mim isso aqui é maravilhoso… Jogar é muito bom”, finalizou.

A rivalidade sempre está presente. No caso da equipe de handebol de São Bento do Sul, a concorrência é ainda maior quando se fala nos adversários de Joinville. "Temos uma rivalidade contra eles desde pequenininho já. Ontem jogamos a primeira partida contra, a estreia do campeonato. Ganhamos de um gol faltando cinco segundos pra acabar o jogo”, comemorou o atleta. “No regional, a gente perdeu de um gol pra eles também, e agora demos o troco aqui”, brincou.

Como lidar com a saudade de casa

E o mais difícil talvez seja a saudade de casa. Há milhares de quilômetros de distância a família torce e aguarda ansiosa. O capitão do time de basquete do Colégio Luterano Santíssima Trindade, de Joaçaba (Meio-Oeste do Estado), João Arthur de Lima, perdeu o aniversário de 87 anos do avô para liderar a equipe nos jogos escolares. Ainda assim, o sentimento é de gratidão e orgulho.

Foto: Capitão do time de basquete de Joaçaba, João Arthur de Lima

“A saudade pega, mas é gratificante estar aqui. É uma sensação sensacional, é a primeira vez que chegamos tão longe, então está sendo um momento muito mágico. É uma semana viajando, jogando e se divertindo com os amigos também”, comentou. O Santíssima, como o colégio é conhecido, possui histórico de passar, até mesmo, para o brasileiro, mas o basquete chega tão longe pela primeira vez. “É isso, é vir aqui fazer o nosso, né?!”, concluiu.

Movimento no turismo e giro na economia

No total serão 3,3 mil estudantes de 500 escolas catarinenses disputando a competição em Criciúma, após passarem por etapas seletivas dividas em 12 regiões específicas. As escolas campeãs dos Jesc ganham o direito de integrar a seleção de Santa Catarina que participará da etapa nacional da competição, que são os Jogos Escolares da Juventude, que ocorrerão de 2 a 17 de setembro em Aracaju (SE).

Foto: Vitor Filomeno / FME

Para o município, o evento é de extrema importância, movimentando diversos setores, principalmente, o turismo e, consequentemente, a economia. A Fundação Catarinense de Esporte (Fesport), em parceria com o Governo do Estado, arca com as despesas do evento, como hospedagem e alimentação dos jovens. “O evento é uma demanda muito grande, mais de três mil atletas rodando a cidade. Por isso, a gente tem feito uma parceria com a Amesc, Amrec e Amurel, os municípios da região”, explicou o presidente da FME.

Pontos como os parques da cidade ou a mina de visitação são os destinos dos atletas durante o tempo livre. “Tu juntas o útil ao agradável. Já que Criciúma é a capital do skate, a capital do carvão e, em breve, vai ser a capital do turismo, a gente tem feito o melhor. E o melhor é vender Criciúma para todo o estado de Santa Catarina”, colocou Neto. “Isso fortalece os estabelecimentos. Todo mundo ganha", acrescentou.

Foto: Antônio Prado / Fesporte

Modalidades e locais de competição

Durante os dez dias de evento, serão realizadas 15 modalidades em ginásios municipais, escolas, instituições educacionais, clubes e parques de Criciúma.

  • Modalidades

8 a 10/7 – Badminton, ciclismo, judô, tênis de mesa, vôlei de praia e xadrez
11 a 16/7 – Basquete, futsal, handebol e vôlei 
15 a 17/7 – Atletismo, natação, taekwondo, wrestling (luta olímpica)
22 a 24/7 – Ginástica rítmica (Curitibanos)

  • Locais de competição

- Ginásio Municipal de Esportes Irmão Walmir Antônio Orsi;
- Ginásio Municipal Ademir Rabello;
- EMEB Hercílio Amante;
- EMEB Luiz Lazzarin;
- EMEB Jorge da Cunha Carneiro;
- EMEB Serafina Milioli Pescador;
- Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc)
- Escola Superior de Criciúma (Esucri);
- Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC);
- Satc;
- Sesc;
- Sociedade Recreativa Mampituba;
- Associação Empresarial de Criciúma (Acic);
- Parque Municipal Altair Guidi;
- Rua da Gente;
- Avenida Gabriel Zanette.

“A gente organizou os setores, os pontos de evento, onde vão ser feitas as competições, que são em vários lugares da cidade, em vários bairros e colégios do município. É dessa forma que a gente traz um evento de grande porte como esse pra cá”, orgulhou-se Neto.

Cerimônia de abertura

Uma cerimônia de abertura foi realizada na noite da na última segunda-feira, dia 11, no Ginásio Municipal de Esportes Irmão Walmir Antônio Orsi. Como de praxe, um dos momentos mais aguardados foi o acendimento da pira olímpica, pelos alunos atletas Cézar Drugos (natação do Colégio Marista) e Maria Clara Senger (xadrez do Colégio Unesc).

Foto: Jhulian Pereira / Decom

Outro momento bastante aplaudido na cerimônia foram os números de tecido aéreo e patinação artística, coreografia executada pelos alunos da Escola Tiger de Patinação Artística. E o juramento do atleta, lido pela estudante Paula Carvalho, que representa o basquete do Colégio Satc, foi a cereja do bolo da festa.

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