Hoje vão acontecer duas reuniões importantes sobre a ameaça para o setor do carvão que representa o anúncio de desativação da Usina Jorge Lacerda.
Uma em Criciúma, com o Governador Moisés.
Outra, em Brasilia, com o Ministro de Minas e Energia.
É importante que o sul do estado brigue pela preservação do setor do carvão. Necessário para a economia local.
São milhares de empregos em toda a cadeia produtiva em torno do carvão, com centenas de empresas ligadas diretamente ou dependentes.
Valores substanciais em impostos vão para os cofres públicos. Alguns municípios da região tem o carvão como principal fonte de renda/receita.
Criciúma não tem mais nenhuma mina de carvão, mas centenas de pessoas trabalham em carboníferas em outras cidades, e muitos negócios da mineração estão instalados na cidade.
Por isso, a briga é boa. Faz sentido.
Mas, é preciso que o setor do carvão também se ajude, e faça as mudanças e adequações que o tempo impõe.
Hoje, o carvão extraído na região é levado para a Usina Jorge Lacerda, como é feito desde a década de 60, quando a usina foi inaugurada pelo Presidente Castelo Branco.
A operação é a mesma. Tira o carvão, passa no lavador, coloca no trem, entrega na Jorge Lacerda e o dinheiro é depositado na conta. Não tem disputa de mercado, e não tem que negociar, nem discutir. O preço pago é o mesmo para todos, e cada empresa tem sua cota de entrega.
Além disso, o setor opera com um subsidio pago pelo governo federal. É uma das poucas atividades da iniciativa privada que tem subsidio oficial.
Subsidio é a concessão de dinheiro feita pelo governo. No caso, o governo repassa ao Complexo Termoelétrico Jorge Lacerda parte do preço que o Complexo paga às carboníferas pelo carvão entregue.
No início o subsídio era pago via CCC- conta de consumo de combustíveis. Na década de 90, o Governo federal decidiu acabar com esse subsídio, de forma gradual, até 2001.
Mas, em 2002 o subsídio foi mantido a partir da criação da CDE - conta de desenvolvimento energético.
E foi fixado prazo de 25 anos para sua vigência.
Fazendo as conta, o prazo termina em 2027, daqui sete anos.
Em 2018, a Engie, que comprou o Complexo termoelétrico Jorge Lacerda (que era estatal e foi privatizado na década de 90), anunciou que vai se desfazer do negócio.
Como não conseguiu comprador, acaba de anunciar a sua desativação. Cronograma de fechamento começa a ser cumprido já em 2021
E a bomba agora é repassada para a sociedade, com a ameaça de demissões e baque na economia. Ameaças, que são reais!
Lutar agora, e unir forças, para defender a sobrevivência do setor, é importante, porque muita gente depende dele.
Mas, O carvão precisa se reinventar. Precisa Mudar o modelo. Descobrir novas alternativas.
A continuar assim, se for vencedora a luta que está começando, será apenas uma sobrevida ao setor. Em alguns anos, a corda voltará a apertar no pescoço. E a região colocada em alerta, de novo!