O governador Eduardo Moreira se reuniu no domingo à noite com quatro deputados do MDB, de quem recebeu apoio para sua candidatura à reeleição. Discutiram estratégias para a reunião da executiva estadual. Antes, falou com pelo menos uma dezena de prefeitos e deputados por telefone.
Estavam todos preparado para um longo debate na reunião da executiva estadual, ontem pela manhã, pela definição do candidato por consenso ou pesquisa. Sem disputa de prévias.
Pela manhã, ele tomou um café com o ex-deputado Julio Garcia, PSD, seu amigo pessoal, e foi para a reunião do partido com a decisão tomada.
Quando chegou no local da reunião, levou o deputado Mauro Mariani para uma conversa reservada (que durou apenas 10 min) e comunicou decisão de desistir da candidatura.
Mauro disse depois que nem chegou a falar. Só ouviu. Ficou sem capacidade de reação. Porque não esperava. Ninguém esperava.
Até a assessoria pessoal de Eduardo foi pega de surpresa. Já estava com material pronto para distribuir à imprensa logo depois da reunião sobre sua candidatura (e seu histórico no MDB).
Eduardo tomou uma decisão pessoal, isolada, no domingo à noite.
Ao partido, argumentou que a situação financeira do estado é muito delicada, existe o risco real de não ter condições pagar toda a folha até fim do ano, e por isso seria impossível compatibilizar gestão com campanha eleitoral.
Em privado, listou razões de ordem pessoal, que incluem até o projeto de morar no exterior por um período.
Mas, também é fato que ele não assimilou ter que se submeter a uma disputa de prévia no partido, onde teria prejuízo em qualquer hipótese. Inclusive vencendo. Porque o partido sairia dividido, e ele fragilizado politicamente.
Agora, fora a eleição, vai se dedicar à gestão do estado e o fechamento das contas. Deve fazer novos cortes.
Quem ganha
A rigor, o primeiro beneficiado direto pela desistência de Eduardo é o deputado Mauro Mariani, consagrado candidato do MDB a governador, por consenso.
Indiretamente, quem ganha é Esperidião Amin, PP.
Cada vez mais, ele dá as cartas e joga de mão neste jogo eleitoral que vai se apresentando em Santa Catarina.
Ele fica em plenas condições de atrair PSDB e DEM, e vai definir condições para adesão do PSD.
Plano B
Ontem, na Assembléia, era dito que a desistência de Eduardo pode não ser o último ato para definição do candidato do MDB ao governo.
Há quem aposte (e aposte alto) que o senador Dario Berger ainda pode ser o candidato. Principalmente se for confirmada a candidatura de Esperidião Amin.
Dário ja ganhou três eleições do casal Amin em Florianópolis.
As ausências
Dois deputados do MDB do sul não apareceram na reunião da executiva do MDB. Ronaldo Benedet, federal, e Manoel Mota, estadual. Os dois estavam na região.
A reunião poderia ter embate entre aliados de Eduardo e de Mauro Mariani, se Eduardo não se retirasse.
Mota disse que estava num enterro. A assessoria de Ronaldo disse que ele tinha “compromisso" em Criciúma.
As presenças
Dois deputados do MDB do sul estavam na reunião da direção do MDB. Luiz Fernando Vampiro e Ada de Luca.
Só Vampiro falou em defesa da candidatura de Eduardo.
Cancelado
Minutos depois de anunciada a desistência de Eduardo Moreira, o presidente do MDB de Criciúma, Ricardo Beloli, anunciou o cancelamento da reunião que estava marcada para quinta-feira.
As mulheres do MDB teriam reunião com a primeira dama, Nicole Moreira, e o próprio Eduardo.
Passou
É possível que também tenha pesado na decisão de Eduardo Moreira o fato de não ter vingado no sul a tese do “bairrismo”. De ter pela primeira vez um governador eleito. Independente do partido.
Mas, a região não fez nenhum movimento efetivo para isso.
Na sexta-feira, Eduardo Moreira pediu um “sinal” do prefeito Clesio Salvaro por sua candidatura, se tivesse um entendimento com o MDB.
Num primeiro momento, até fez. Mas, depois disse que se o PSDB fizesse aliança com o MDB, o candidato poderia ser Eduardo, Mauro Mariani ou Dario Berger. Não teria diferença.
Os outros
Jorge Boeira, PP, chegou a ser citado como candidato a governador. Não vingou. Até porque, o grande nome da eleição é seu correligionário, Esperidião Amin.
Clesio Salvaro, PSDB, foi até mais falado como possível candidato a governador. Mas, não avançou e ele decidiu seguir na prefeitura. Não se desincompatibilizou em abril.
Agora, o sul vai ajudar a eleger um governador do oeste (Gelson Merisio, PSD), ou da grande Florianópolis (Esperidião Amin, PP), ou do norte (Paulo Bauer, PSDB, ou Mauro Mariani, MDB), ou do Vale do Itajai (Napoleão Bernardes, PSDB, João Paulo Kleinübing, DEM, ou Decio Lima, PT).