O livro de Judite, do antigo testamento, nos relata a história da bela viúva que salvou a cidade de Betúlia das mãos do general assírio Holofernes, após um cerco de 40 dias. Com a população à beira da morte, Judite decidiu visitar o acampamento do inimigo, revelando falsos segredos e conquistando com sua beleza a admiração e a confiança do general. No final de um banquete, a sós com o adormecido Holofernes, embriagado pelo excesso de vinho, Judite o decapitou, fugindo com a sua cabeça para a cidade de Betúlia. No dia seguinte, os assírios, apavorados pela descoberta do corpo do seu líder, abandonaram o local do cerco, sendo perseguidos pelos israelitas que, vitoriosos, dirigiram-se à Jerusalém para render ao Senhor as homenagens típicas da época: cânticos, preces e sacrifícios de animais.
É impressionante o interesse que este relato bíblico despertou entre escultores, pintores, poetas e músicos em diversos períodos da história da arte. Michelangelo retratou o episódio nos seus afrescos imortais da Capela Sistina. Andrea Mantegna, Botticelli e Palma Vecchio, pintores renascentistas, e Caravaggio, Artemísia Gentileschi e Cristofano Allori, pintores do período barroco, utilizaram o tema em seus quadros. Donatello, grande escultor florentino, chocou seus contemporâneos com a escultura de Judite segurando a cabeça de Holofernes, em exposição no Palazzo Vecchio de Florença.
O compositor austríaco Mozart, um dos maiores de todos os tempos, compôs o oratório “ Betulia Liberata ” peça sacra em dois atos com duas horas de duração.
É digna de registro a participação do tenor Aldo Baldin, natural de Urussanga, em uma edição completa das cantatas e oratórios de Mozart, gravadas em CD pela Phillips. Baldin, muito conhecido no mundo da ópera, principalmente na Alemanha onde chegou a primeiro tenor lírico do Teatro Nacional de Mannheim, foi obrigado a emigrar ainda jovem para a Europa em virtude da falta de perspectivas em nosso país. Sua morte precoce, enquanto desenvolvia um grande trabalho como professor e regente, impediu que se prestasse uma homenagem ao grande tenor, famoso no velho mundo mas praticamente desconhecido no Brasil. O nosso estado já o homenageia com o Festival Nacional Aldo Baldin.