A fachada simples da Basílica de San Pietro in Vincoli não revela o tesouro guardado em seu interior : o magnífico Moisés de Michelangelo, uma das mais belas esculturas da história da arte. As correntes que aprisionaram São Pedro, que dão nome à Igreja, estão no altar-mor.
O Moisés, de Michelangelo. O escultor, impressionado pela perfeição da obra, teria dito: “Parla” I Credito: cenciturismo.com.br
Descendo a ladeira do Esquilino, a mais alta das sete colinas de Roma, chega-se ao Coliseu, iniciado em 72 d.C. pelo imperador Vespasiano mas inaugurado por seu filho Tito, oito anos depois. Foi palco de sangrentas lutas entre feras e gladiadores. Embora popularizadas pelo folclore e filmes, não há evidências históricas da execução de cristãos no Coliseu. Ao seu lado ergue-se o enorme Arco de Constantino, que em 313 d.C. com o Édito de Milão deu liberdade de culto aos cristãos.
O Arco de Constantino e o Coliseu
O ingresso para o Coliseu também é válido para o Palatino e o Fórum Romano, nosso próximo destino. Logo no início surge o Arco de Tito, relembrando a esmagadora vitória do general e futuro imperador sobre os judeus em 70 d.C. originando uma diáspora maior que a do Cativeiro na Babilônia. Tito saqueou e destruiu o famoso Templo de Jerusalém, trazendo para Roma tesouros como a Menorá de ouro e as Trombetas de prata.
O Fórum Romano
Em poucos passos surgem as ruínas da grandiosa Basílica de Maxêncio-Constantino, a maior edificação do Fórum. Um pouco a frente o Templo e Casa das Virgens Vestais e no final, próximo ao Campidoglio, o Arco de Sétimo Severo e o Cárcere Mamertino, local da prisão de São Pedro. Fazendo um pequeno desvio chega-se à Via dos Fóruns Imperiais. Do outro lado da avenida construída por Mussolini surgem o Templo de Júlio César e o Mercado, Templo e Coluna de Trajano, imperador que levou o Império Romano a conquistar a sua maior extensão territorial. A bela Coluna de Trajano, em mármore, registra a vitória de Roma sobre a Dácia, atual Romênia. O romeno, língua românica similar ao italiano, originou-se da dominação romana.
Coluna de Trajano, toda em mármore, com baixos relevos em espiral até o topo e o Vitoriano ao fundo I Crédito: nationalgeographic.pt
O Campidoglio é nosso próximo destino. Os Museus Capitolinos ocupam os Palácios Conservatório e Novo. A Prefeitura de Roma esta instalada no Palácio Senatório. No centro da praça, desenhada por Michelangelo, está a estátua equestre de Marco Aurélio. Os escultores renascentistas Verrocchio (mestre de Leonardo da Vinci) e Donatello se inspiraram na obra-prima para criarem as estátuas equestres dos condottieri Colleoni, em Veneza e Gattamelata, em Pádua.
Pausa para descanso no Campidoglio. Aproveite para encher sua garrafa de água em uma fonte bem em frente à coluna com a loba romana
Deixando a praça, a maioria dos turistas desce a íngreme escadaria e segue à direita em direção à Piazza Venezia e o gigantesco Vitoriano, em homenagem a Vitório Emanuele II. O monumento é detestado pelos romanos que o apelidaram de “bolo de noiva” ou “máquina de escrever”. Mas sugiro seguir pelo lado contrário, um roteiro com muito conteúdo histórico, arquitetônico e religioso. Descendo a suave colina contornando o Teatro de Marcelo chega-se à Sinagoga, às margens do Rio Tibre. O edifício de três pavimentos no antigo gueto judeu é um belo exemplo de construção utilizando as ordens arquitetônicas Dórica, Coríntia e Jônica. Retornando um pequeno trecho atravessamos a Ponte Fabrício, de 62 a.C., a mais antiga de Roma, e chegamos na Isola Tiberina. A ilha, em formato de um barco, homenageia Esculápio, o nome latinizado de Asclépio, o Deus grego da Medicina. Desde o início a ilha esteve ligada ao tratamento de doenças, legado que persiste até hoje.
A Isola Tiberina com o Hospital Fatebenefratelli e as pontes Fabrício e Céstio I. Crédito: romeguidetour.it
A Ponte Céstio comunica a ilha com o Trastevere, bairro repleto de restaurantes, bares e agitada vida noturna.
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