A Suíça é um país de paisagens exuberantes, facilmente explorada em poucos dias graças a sua reduzida extensão territorial. Um dos roteiros mais pitorescos, o Bernina Express, utiliza uma combinação rodoferroviária, partindo de Chur e chegando a Lugano, na fronteira com a Itália.
A ferrovia de adesão (sem utilização de cremalheiras) é a mais alta da Europa, ligando a cidade de Chur à Tirano. Percorre regiões de grande beleza e diversidades culturais, étnicas e linguísticas. Gargantas, desfiladeiros, rios, castelos, túneis em alça, teleféricos, funiculares, estações de esqui, animais selvagens nas negras florestas de pinheiros, lagos congelados, picos nevados e vinhedos, são tantas e tão variadas as paisagens que ficarão para sempre registradas em nossa memória. Às vezes a sensação é de estarmos viajando nas nuvens, tal a altura de suas inúmeras pontes como a de Solis e a de Landwasser.
A viagem tem origem em Chur, capital de Graubünden (Grisões em português), o maior cantão da Suiça, onde se fala o Romanche, derivado do latim vulgar e um dos 4 idiomas oficiais do país. A cidade também é o ponto de partida do Glacier Express, que se dirige à Zermatt, local da montanha mais famosa da Suiça, o Matterhorn, conhecido como Monte Cervino na Itália.
Em Reichenau atravessa-se o Reno, bem próximo às nascentes nos Alpes. O trem percorre o vale paralelo ao rio, origem dos antigos passos alpinos de Splügen, Julier e San Bernardino.
Observam-se inúmeros castelos, fortes e ruínas, pontos estratégicos para o controle das antigas rotas transalpinas. O trecho entre Bergun e Prada é considerado como uma obra-prima de engenharia. Em 12 km ascendem-se 416 metros através de 5 túneis circulares, 2 túneis retilineos e 9 viadutos. Em Samedan, um vale a 1781 metros de altitude, encontra-se um pequeno aeroporto, o mais alto da Europa, utilizado pelos ricos e famosos que se dirigem a St. Moritz. Esta cidade, a beira de um lago que congela no inverno, é uma das estações de esqui mais importantes do mundo.
A próxima parada é em Pontresina, um centro para a prática de esqui, ciclismo, alpinismo e caminhadas. A estação seguinte é Morteratsch, nome de uma geleira que está reduzindo de tamanho a cada ano. Continuando a viagem temos o teleférico de Diavolezza e em seguida Ospizio Bernina, o ponto culminante da viagem, a 2250m de altitude. Daqui o expresso inicia a descida até Tirano, já na Itália. As paisagens que se descortinam a nossa frente são de tirar o fôlego, como a cidade de Poschiavo, vista do alto e o famoso viaduto circular de Brusio.
Tirano é o ponto de partida do percurso rodoviário, que funciona de maio a outubro. O ônibus de luxo percorre o fértil vale da Valtellina, com vinhedos nas encostas ensolaradas onde predomina a nobre casta Nebbiolo, a mesma do famoso Barolo do Piemonte. O Sforzato di Valtellina, vinho DOCG “passito” semelhante ao Amarone do Veneto, é de excelente qualidade. O ônibus passa por um trecho do Lago de Como e segue até Lugano por paisagens tipicamente mediterrâneas, como vilas junto ao lago, pomares, oliveiras, figueiras e palmeiras. Lugano, à beira do lago do mesmo nome e importante centro de esportes aquáticos, é também conhecida por seus dois montes, o Bré e o San Salvatore, muito parecido com o nosso Pão de Açúcar.
Tendo oportunidade de viajar para a Europa, não deixe de incluir o Bernina Express em seu roteiro. E também o Glacier Express, se tiver tempo. Vale a pena.