Nas duas semanas anteriores, publicamos a introdução e a primeira parte de um artigo escrito para o volume V da Coletânea Percepções em 2008. Podem conferir clicando aqui e aqui. Vamos dar continuidade às sugestões.
“A Maria-Fumaça que percorre os municípios de Carlos Barbosa e Bento Gonçalves, no vizinho estado do Rio Grande do Sul, atrai turistas de todo o Brasil. Temos todas as condições técnicas para implantar um modelo similar, que poderia ser chamado de Trem da Cultura, com destino a Tubarão ou Urussanga. Nos diversos vagões poderiam ser desenvolvidas atividades nas áreas da música, literatura, breves peças teatrais, educação ambiental e do trânsito, por exemplo. As antigas estações, restauradas serviriam de palco para apresentações diversas e comercialização de produtos e artesanatos locais, viabilizadas por parcerias entre as prefeituras envolvidas no projeto e a Estrada de Ferro Dona Tereza Cristina. O exemplo já começou a ser dado por Içara, que revitalizou um outrora feio e abandonado espaço às margens da ferrovia.
A preservação do Morro do Céu, ainda livre da sanha empresarial, se faz necessária. A construção existente no acesso principal poderia servir de portal para atividades ligadas ao meio ambiente, ao lazer e a cultura. O relevo acidentado torna o local propício para instalação de uma pequena estrutura, nos moldes do enorme anfiteatro romano erigido na colina de Fourvière, em Lyon, centro da gastronomia francesa. Diversos eventos poderiam ser ali realizados, como apresentações musicais, peças teatrais, espetáculos de dança e até mesmo palestras enfatizando a educação ambiental. A ocupação responsável do local, com vigilância cuidadosa de ONGs ligadas ao meio ambiente, fiscalização da prefeitura municipal e respaldo legal do ministério público, que exerce importante atividade de controle dos graves danos ambientais da nossa região, certamente iria impedir maior degradação de um dos “pulmões verdes” da área central de nossa cidade.
Cidades importantes como Paris, Barcelona, Sevilha e Estocolmo tem seguido o exemplo da moderna e inovadora Amsterdam, com a sua surpreendente utilização de bicicletas. Em Paris foi criado o projeto Velib, com a ligação das bicicletas ao metrô. Na minha última visita à cidade, em maio de 2008, impressionou-me o número de bicicletas em circulação utilizando ciclovias e faixas reservadas aos ônibus, com total respeito de todos os veículos. Os ciclistas têm preferência na sua faixa de circulação e são protegidos legalmente, na eventualidade de qualquer acidente, até mesmo com pedestres. Em Criciúma, infelizmente, privilegiamos os automóveis em detrimento do eficiente transporte público, pelo menos no eixo da Avenida Centenário, entre os terminais da Próspera e do Pinheirinho. As ciclovias poderiam ser ampliadas, completando o incipiente trajeto entre a Unesc e Santa Luzia. O centro da cidade deveria ser reservado exclusivamente para pedestres, com efeitos salutares tanto na redução de emissão de poluentes como o bem-estar físico das pessoas, que seriam obrigadas a se exercitarem, com grandes benefícios cardiocirculatórios.