“Meu pai e o pai de meu pai, antes de mim, abriram aqui suas tendas. Há doze séculos que os verdadeiros crentes – Deus seja louvado, só eles possuem a verdadeira sabedoria – se estabeleceram neste país e nenhum deles ouviu jamais falar em palácios subterrâneos, nem tampouco os que os precederam. Então, eis que aparece um franco de um país afastado muitos dias de viagem, vai diretamente ao lugar, pega em um bastão e traça uma linha para cá, outra para lá. Aqui, diz ele, está o palácio e lá, diz ele, está o portão; e mostra-nos o que durante toda a nossa vida esteve sob os nossos pés, sem que o soubéssemos. Maravilhoso! Maravilhoso! Aprendeste isso pelos livros, por artes mágicas ou pelos vossos profetas?”.
Este discurso descrito no livro “Deuses, Túmulos e Sábios” de C.W. Ceram foi proferido em 1850 pelo sheik Abd-er Rahman em homenagem ao arqueólogo inglês Henry Layard, descobridor das cidades soterradas de Nimrud e Nínive na mesopotâmia. O interesse de Layard pelo oriente surgiu de suas leituras das “Mil e uma Noites”, de Omar Kayam e de passagens do velho testamento, transformando em obsessão a sua pesquisa sobre as civilizações desaparecidas. As escavações trouxeram à tona as enormes esculturas representando os deuses da civilização assírio-caldaica: a águia, o touro e o leão alados. Havia vinte e cinco séculos que estavam ocultas aos olhos dos homens e agora ressurgiam em sua antiga majestade.
A descoberta da tumba de Tutankamon deveu-se também à extrema dedicação de outro arqueólogo, Howard Carter, que em 1914, após seis anos de mal sucedidas escavações finalmente descobriu a entrada principal da tumba do faraó. Os ladrões já haviam penetrado no corredor e antecâmara mas a câmara principal estava intacta. Carter deparou-se com magníficos tesouros, de valores arqueológicos e materiais inestimáveis, como o sarcófago de Tutankamon, todo em ouro maciço.
A morte inesperada e misteriosa do financiador do projeto, Lord Carnarvon, e de outros membros da expedição, levantou a hipótese da “maldição dos faraós”. Uma das versões afirma que uma frase estava escrita no túmulo de Tutankamon: “a morte virá com asas ligeiras para aqueles que perturbarem o sono do faraó”.
As descobertas arqueológicas só se tornaram realidade pela decifração de hieróglifos, escrita cuneiforme, textos antigos e o conhecimento de línguas mortas. O maior exemplo é Champollion, que aos 16 anos já “conhecia latim, grego, meia dúzia de línguas orientais” e decodificou a Pedra de Roseta, que apresentava o mesmo texto em três grafias diferentes : hieróglifos, demótico e grego antigo.
As maravilhas trazidas à luz por Layard , Carter e outros arqueólogos enriquecem hoje os acervos dos Museus Britânico de Londres, Louvre em Paris, Egípcio do Cairo e o Pergamon de Berlim.