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Non fare il Bischero

Por Benito Gorini 06/07/2023 - 07:00

Assistindo a série "Medici, o Magnífico” me ocorreu de reler “Grandes Pecadores, Grandes Catedrais”, um de meus livros prediletos. No capítulo “Assassinato em Santa Maria del Fiore” o autor, Cesare Marchi, descreve detalhes da construção da catedral de Florença - iniciada em 1294 - e eventos que ali se passaram. Uma vultosa soma foi oferecida à família Bischeri, proprietária de um terreno onde estavam edificadas algumas casas, para iniciar a construção. A família, ávida por dinheiro, recusou a oferta várias vezes e por fim um incêndio, provavelmente doloso, destruiu toda a propriedade. A expressão “Non fare il Bischero” é utilizada até hoje pelos florentinos, significando que quando alguém tenta ser muito “furbo”, pode na realidade perder tudo.

O Duomo de Florença, com sua magnífica fachada em mármore branco de Carrara, vermelho de Siena e verde de Prato, foi testemunha de muitos fatos históricos. Os Pazzi, banqueiros importantes e rivais dos Medici, planejaram a morte de Lorenzo, o Magnífico e de seu irmão Giuliano, dentro da catedral. Giuliano foi apunhalado e não resistiu mas Lorenzo, mesmo ferido, conseguiu bravamente, a golpes de punhal, se refugiar na sacristia. E a reação foi violenta. No dia seguinte os corpos de  Salviati, arcebispo de Pisa, Francesco Pazzi e seu tio  Jacopo apareceram enforcados e expostos no Palazzo Vecchio, no centro histórico de Florença.

A fachada do Palazzo Vecchio, onde ficaram expostos os corpos dos envolvidos na Conspiração dos Pazzi I Foto: Arquivo Pessoal
Cópia do David, de Michelangelo, em frente ao Palazzo Vecchio I Foto: Arquivo Pessoal

O papa Sisto IV, conhecido como construtor da Capela Sistina, suspeito de ser cúmplice da trama, colocou Florença sob interdito, proibindo missas e comunhões. Além disso, solicitou ao seu aliado, o poderoso rei Ferdinando I de Nápoles, a tomada de Florença. Lorenzo, correndo grandes riscos, foi ao encontro de Ferdinando e conseguiu convencê-lo a não invadir Florença, salvando a cidade. Uma invasão era sinônimo de estupros, saques e depredações pelas tropas de mercenários, a exemplo do que ocorreu no saque de Roma em 1527 pelas tropas de Carlos V, Imperador do Sacro Império Romano Germânico. Curiosamente o papa era Clemente VII, filho de Giuliano de Medici. No episódio, que chocou toda a Europa, morreram 147 guardas suíços, defendendo a vida do papa que fugiu para o Castel Sant´Angelo, pelo corredor que liga o vaticano ao castelo.

Sisto IV reconciliou-se com Lorenzo de Medici após alguns anos e contratou Botticelli,  Luca Signorelli e Ghirlandaio, pintores naturais da Toscana, para decorarem com afrescos as paredes da capela. Perugino, da Umbria, também participou dos trabalhos, que seriam coroados pelo magistral teto (Júlio II) e o Juízo Final (Paulo III), obras-primas de Michelangelo.

“Il Passetto”, o corredor que liga o Vaticano ao Castel Sant´Angelo I Foto: Arquivo Pessoal
O Castel Sant´Angelo I Foto: Arquivo Pessoal

E a guarda havia sido criada poucos anos antes por Júlio II - sobrinho de Sisto IV - que contratou Michelangelo para pintar o teto da capela construída pelo seu tio. O colorido uniforme da Guarda Suíça foi confeccionado a partir de um modelo atribuído ao grande pintor e escultor. Interessantes fatos interligados.

A Florença dos Medici

Palácio Medici-Riccardi
A Viagem dos Reis Magos, afresco de Benozzo Gozzoli na Capela dos Magos do Palácio Medici-Riccardi. Lorenzo lidera o cortejo, cavalgando o cavalo branco I Fonte: wikipedia.org
Igreja de San Lorenzo, com a Capela Medici ao fundo e o famoso mercado de rua
O Duomo de Florença com a cúpula de Bruneleschi e o campanário de Giotto
O mausoléu da Capela dos Medici
Palazzo Vecchio e Museu Uffizi
Corredor de Vasari e a Ponte Vecchio sobre o rio Arno

 

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