No blog da semana anterior lembrei com saudades dos bondes de Porto Alegre. Mas o futebol também me traz boas recordações. Cheguei na capital gaúcha em 1969 com 15 anos de idade e no dia 06 de abril assisti ao jogo inaugural no Beira Rio entre o Internacional e Benfica. Vitória colorada por 2x1 com gols de Claudiomiro e Gilson Porto e do grande Eusébio pelo Benfica. Torcedor do Santos, do Botafogo (é claro, Pelé e Garrincha) e do Grêmio, que era heptacampeão gaúcho, não perdia os jogos no Olímpico e Beira Rio, utilizando os bondes até meados de 1970, quando foram desativados.
A inauguração do Beira Rio. Claudiomiro fez o primeiro gol, com cruzamento de Valdomiro | Vídeo: Canal 100
Em 1971 joguei por pouco tempo no juvenil do Internacional, no velho campo dos Eucaliptos, apesar de ser gremista. Meu tio Célio Borges era muito amigo de José Ferreira Laz, o Zezé, treinador muito conhecido em Santa Catarina na época, que por sua vez tinha bom relacionamento com Marco Eugênio, treinador do juvenil do Inter. Por pressão familiar fui obrigado a optar entre o futebol e o curso pré-vestibular. Apesar de ser bom jogador tinha consciência que Falcão e Batista, da mesma geração, eram melhores e optei pelos estudos, tendo sido aprovado no curso de Medicina da UFRGS.
Valdomiro Vaz Franco era jogador do Comerciário, meu clube de coração onde joguei como juvenil, e foi contratado pelo Internacional em 1968, ano da única conquista do Bacharel da Pelota no Campeonato Catarinense.
Muito contestado pela torcida no início, com muito esforço, determinação e grande auxílio de sua esposa Natália, superou as dificuldades tornando-se um dos maiores ídolos de toda a história do colorado. Único jogador octacampeão gaúcho, conquistou ainda três títulos do campeonato brasileiro, participou da Copa do Mundo de 1974 na Alemanha onde marcou um gol contra o Zaire que salvou o Brasil de uma vexatória eliminação ainda na primeira fase.
O gol de Valdomiro na Copa de 1974, contra o Zaire | Vídeo: jogosdobrasil
Detém ainda o recorde de partidas jogadas pelo Internacional. Apesar de torcer pelo sucesso de Valdomiro e também de Chiquinho pelo fato de serem meus conterrâneos, ficava muito descontente pelas derrotas nos Grenais, geralmente com gols ou assistências do Valdomiro. Nos 10 anos que morei em Porto Alegre só vi o Grêmio ser campeão em 1977. E em parte a culpa é do Valdomiro, meu vizinho na Praia do Rincão.