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O erotismo na ópera

Por Benito Gorini 04/05/2023 - 07:00

Madamina,  il  catalogo è questo, 
                             delle belle que amo il padron mio"

A ópera, embora utilize com freqüência obras trágicas na sua concepção, também possui momentos cômicos, usados nas óperas bufas como “O Barbeiro de Sevilha”, e outros bastante descontraídos e até eróticos, onde a conquista amorosa desempenha um papel importante, como La Bohème de Puccini, Rigoletto de Verdi e o Don Giovanni de Mozart. A ópera do genial compositor austríaco, com libreto de Lorenzo da Ponte, se passa também em Sevilha, no século XVII e conta as aventuras e desventuras do dissoluto Don Giovanni (Don Juan), revelando o seu fantástico desempenho sexual, bem evidente na famosa ária do catálogo, cantada por seu criado Leporello: “senhora, este é o catálogo das mulheres que o meu patrão amou... Na Itália, seiscentas e quarenta, na Alemanha, duzentas e trinta e uma, cem na França, noventa e uma na Turquia, mas na Espanha já são mil e três. Entre elas, camponesas, criadas, citadinas, condessas, baronesas, marquesas e princesas. Há mulheres de todas as classes, de todos os tipos e idades”. Concluindo a ária, faz comentários sobre os atributos das mulheres: “da loura costuma elogiar a gentileza, da morena a constância, da grisalha a doçura. No inverno prefere a gordinha, no verão a mais magrinha. A alta é majestosa, a pequena é encantadora. As velhas, conquista só pelo prazer de por na lista. A sua paixão predominante é pela jovem principiante. Não lhe interessa que seja rica, feia ou bela, pois desde que use saias, já sabes o que ele faz”.

Madamina, conhecida como Ária do Catálogo I Crédito: Glyndebourne

Já o incorrigível Duque de Mântua, grande conquistador do Rigoletto, não tem a menor consideração pelas mulheres, usando-as como mero objetos da sua volúpia, como bem demonstram as árias “Questa o Quella” (“esta ou aquela, para mim são todas iguais”) ou a conhecida “La Donna è  Mobile” (“as mulheres são volúveis como plumas ao vento, mudam de ideia e de pensamento”). 

La Donna è Mobile, ária da ópera Rigoletto I Crédito: Royal Opera House 

A ária “Quando m´en vo soleta per la via”, também conhecida como valsa da Musetta (que rima mais apropriada para o assunto em pauta) da ópera La Bohème, também revela o lado erótico das óperas: “Quando eu vou sozinha pela rua as pessoas param e olham, e a minha beleza todos examinam da cabeça aos pés”. 

Quando m´en vo soletta per la via I Fonte: www.medici – Anna Netrebko

Apesar do caráter machista, as duas óperas fazem parte dos programas dos melhores teatros de todo o mundo, sendo eternizadas na voz de grandes celebridades do canto lírico.

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