Em 1784, Valentin Hauy, o “pai e apóstolo dos cegos”, descobriu um cego esmoler no adro da igreja de Saint Germain des Prés, que era capaz de identificar os diferentes tipos e valores das moedas pelo tato. Fundou então a primeira escola para deficientes visuais baseada na leitura tátil. Quarenta anos após, Louis Braille, cego desde os três anos de idade, desenvolveu um método que, embora combatido no princípio, recebeu consagração universal: a leitura de 6 pontos em relevo. Sentado no Les Deux Magots - na mesa que talvez tenha sido ocupada por Hemingway ou Scott Fitzgerald - ou no Café de Flore - em que Sartre e Simone de Beauvoir eram habitués – ambos localizados em frente à igreja, podemos imaginar a expressão de espanto de Hauy ao dar a esmola ao cego, mais uma descoberta casual da ciência.
O Museu Rodin, situado ao lado do Dôme des Invalides, local da enorme tumba de Napoleão, foi o cenário de mais uma interessante experiência sensorial. Observamos grupos de cegos, orientados por um monitor, tateando obras previamente selecionadas e emitindo suas impressões sobre esculturas do grande mestre ou de sua aluna e amante, Camille Claudel. As obras O Pensador, As Portas do Inferno e O Beijo fazem parte do acervo do museu, que conta também com um belo jardim repleto de esculturas.
As estações termais europeias desfrutavam de grande prestígio no século XIX, procuradas por reis, nobres, ricos e poderosos em busca do alívio de suas dores reumáticas ou da cura da tuberculose, doença que ceifava a vida de muitos jovens, especialmente os artistas românticos de vida desregrada. Um banho nas tépidas águas de St. Moritz, Baden-Baden, Bad Ischl, Karlsbad (Karlovy Vary) e Mariembad, acrescido de massagens com lama terapêutica, proporcionava grande relaxamento e bem estar físico, auxiliando sobremaneira na mitigação do sofrimento. Experiência semelhante pode ser vivenciada quando, extenuados após uma visita de dia inteiro pelos pontos turísticos europeus, tomamos um relaxante banho de banheira, especialmente ao lado da mulher amada. Mas aí já é outra história, com outros sentidos (ou todos) envolvidos.
Estruturas de bronze tornam-se esverdeadas com o passar dos anos. O exemplo típico é o Vert Galant, estátua equestre de Henrique IV na Place Dauphine, na Ile de la Cité. O verde galante refere-se à fama de conquistador do rei francês, bem evidenciada no filme A Rainha Margot. O interessante é que o bronze, submetido a atrito constante das mãos, torna-se polido, adquirindo cor dourada. O pé da estátua de São Pedro no Vaticano, o nariz dos leões na Residenz em Munique, o busto de Julieta em Verona, os signos do zodíaco no pátio do Castelo de Praga, o focinho do porcelino no mercado de Florença, as proeminências de formas fálicas da enorme porta da Basílica de San Giovanni in Laterano em Roma, as mãos de Fernando Pessoa em frente do Café A Brasileira em Lisboa e aqui em Criciúma o Marcelino Champagnat no pátio do Colégio Marista , são exemplos marcantes. O mais inusitado, no entanto, é o jacente do escritor Victor Noir, morto por um enciumado sobrinho de Napoleão. A escultura , deitada sobre a lápide no Cemitério Père Lachaise, em Paris, revela partes da anatomia bem polidas, como lábios, tórax e coxas, mas, principalmente, um proeminente volume correspondendo a região dos órgãos genitais.