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O tempo voa

Por Benito Gorini 20/08/2024 - 13:38 Atualizado em 20/08/2024 - 13:40

Após muitos anos voltei à Biblioteca Pública de Porto Alegre, uma das edificações mais bonitas da capital gaúcha. O prédio, tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Estadual e Nacional, possui grande acervo e importantes documentos que preservam a história do Rio Grande do Sul. Nos meus tempos de adolescente, estudando no Colégio Estadual Júlio de Castilhos, visitava com frequência a biblioteca. Houve muita deterioração do interior da construção com o passar dos anos. Apesar da recuperação da bela fachada e do restauro dos murais   das paredes ao lado da escada que dá acesso ao segundo piso, muito trabalho tem que ser realizado. No térreo os murais estão em péssimo estado de conservação, bem como o maravilhoso conjunto artístico e arquitetônico das salas Mourisca e Egípcia do segundo andar. 

Observando as poucas pessoas presentes, pensei na enorme diferença de costumes que ocorreram. Na década de 1960 o conhecimento era adquirido quase que exclusivamente pela consulta aos livros. O rádio era o principal meio de comunicação, a televisão estava no início e os jornais eram restritos a uma parcela da população. O tempo parecia passar mais devagar. Atualmente, com o advento do computador, dos celulares, dos milhares de aplicativos e das redes sociais, o tempo voa e a paciência inexiste. Os áudios e vídeos com mais de três minutos são descartados. Qualquer demora ao acessar os programas causa irritação. Os artigos, textos e blogs devem ser curtos e sucintos, tudo tem que ser imediato. 

Embora os recursos tecnológicos modernos propiciem enorme vantagem na obtenção do conhecimento, facilitando as pesquisas e a elaboração de trabalhos científicos, a realidade é que a maioria da população os utiliza apenas para diversão.  Sem contar as intrigas, calúnias e difamações tão comuns nas redes sociais, principalmente nessa época de polarização política. 

Por isso, caro leitor, parabéns se você conseguiu chegar até aqui.  É sinal que ainda existe um pouco do modus vivendi da velha geração.  Saudades da velha biblioteca.

O Tempora!  O Mores!
 

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