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Pacem in Terris

Conflitos mostram que ensinamentos do papa João XXIII não foram ouvidos

Por Benito Gorini 21/05/2024 - 06:03

Que falta nos faz o Papa João XXIII. No Jubileu do Ano 2000, visitando a Basílica de São Pedro, eu fazia comentários a um grupo de brasileiros sobre os Papas e o que eles colaboraram na construção da enorme basílica. Notei que um senhor nos observava.

Quando o grupo se dispersou ele se aproximou e ficou curioso sobre os comentários que eu havia feito. Ele estava aposentado como funcionário do Vaticano e havia trabalhado para seis papas. Falou sobre o severo e conservador Pio XII, o bondoso João XXIII, o culto e reservado Paulo VI e o papa sorriso João Paulo I. Não fez muitos comentários sobre João Paulo II, o papa em exercício.

Eu havia lido o livro “Em Nome de Deus”, em que o escritor britânico David Yallop descreve um complô envolvendo o Monsenhor Marcinkus, do IOR – Istituto per le Opere di Religione, o Banco do Vaticano - Roberto Calvi, do Banco Ambrosiano, Michele Sindona, da Máfia e Lício Gelli, da Loja Maçônica P2.

Perguntei sobre o livro e a morte suspeita do papa João Paulo I. “Non si può parlare”, foi a sucinta resposta. Mas rasgou elogios ao papa João XXIII, segundo ele o melhor de todos. Em 1962, no incidente da Baía dos Porcos em Cuba, o papa foi fundamental na mediação entre Kennedy e Kruschev, evitando o que poderia ter sido uma guerra nuclear.

E na encíclica “Pacem in Terris” demonstrou todo o seu pacifismo e amor pela humanidade, oferecendo sugestões sobre desarmamento e fraternidade entre os povos. Mas os inúmeros conflitos, como a guerra entre a Rússia e a Ucrânia e Israel e os Palestinos, mostram que seus belos ensinamentos não foram ouvidos, preponderando o “si vis pacem para bellum”, a máxima seguida à risca pelos estados armamentistas.

No nosso país, no desastre que se abateu sobre os nossos vizinhos e irmãos gaúchos, ao invés de se buscar a conciliação e a união na tentativa de mitigar o sofrimento e desespero de milhares de pessoas, o discurso de ódio produzido por grupos ideológicos de extrema esquerda e direita nas redes sociais nos enche de repulsa e indignação. Como já dizia Aristóteles, “o sábio não diz tudo o que pensa mas pensa sobre tudo o que diz”.

Os idiotas, ao contrário, não pensam sobre o que dizem, espalhando fake news e comentários abomináveis, típicos de indivíduos de baixa estatura moral.

O corpo de João XXIII foi transladado do Grotto, no subsolo do Vaticano, para o interior da basílica por ocasião da canonização do papa I Crédito : Wikipedia/Basílica de São Pedro

Interessante é a coincidência de Ângelo Roncalli (João XXIII) e Albino Luciani (João Paulo I) serem naturais de cidades intimamente ligadas à imigração italiana para a nossa região. Roncalli nasceu em Sotto il Monte, na província de Bérgamo, e Luciani em Canale d’Agordo (denominada Forno di Canale até 1964), na província de Belluno. Luciani foi padre em Belluno e bispo em Vittorio Veneto, cidade irmã de Criciúma. O pai de Albino Luciani, embora não tenha emigrado, foi obrigado a trabalhar na Suíça para poder sustentar sua família. Cidades do Vêneto e da Lombardia forneceram o principal contingente de imigrantes para o sul-catarinense. Além disso, ambos os papas foram Patriarcas de Veneza.

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