Um grande programa em muitas cidades é a visita a cemitérios, o que poderia ser considerado estranho em nosso país. Highgate em Londres, Staglieno em Gênova, Cemitério Judeu em Praga, Zentralfriedhof em Viena, Arlington em Washington e Recoleta em Buenos Aires são alguns exemplos. No Brasil existem visitas guiadas nos cemitérios da Consolação em São Paulo, São João Batista no Rio e São Miguel e Almas em Porto Alegre. No artigo “A Calúnia” da semana passada (clique aqui para conferir), sobre o compositor Rossini, fiz referência ao Père-Lachaise, cemitério parisiense visitado por mais de 2 milhões de turistas a cada ano, célebre pela riqueza arquitetônica e pelos personagens históricos ali sepultados.
Alan Kardec, fundador do espiritismo, Chopin, grande pianista polonês e compositor do período romântico, Marcel Proust, escritor que descreveu brilhantemente a “belle époque” em sua obra “Em Busca do Tempo Perdido”, Edith Piaf, a maior cantora popular da França, Moliére, grande ator e dramaturgo francês, todos repousam no Père-Lachaise. Sarah Bernhardt, atriz famosa e grande dama do teatro, o casal do cinema Yves Montand e Simone Signoret, Jim Morrison, líder do grupo The Doors, morto em 1971, figuram entre as celebridades do cemitério.
Além do conteúdo histórico, o acervo arquitetônico do Père-Lachaise é considerável. Elizabeth Demidoff, princesa russa que morreu em 1818, é homenageada com um templo clássico, George Rodenbach, poeta do século 19, é mostrado saindo da sepultura com o braço estendido e uma rosa na mão. O monumento ao escritor Oscar Wilde, que escandalizou os ingleses e foi obrigado a fugir para Paris onde morreu levando uma vida desregrada e o columbário, espécie de muro com nichos que guarda as cinzas de muitas personalidades francesas, são também pontos de grande atração turística.
Chama muito a atenção a estátua do jornalista Victor Noir, morto a tiros por Pierre Bonaparte, primo de Napoleão III. Dizem que a escultura de bronze estimula a fertilidade, fato observado pelo polimento e brilho do metal na região que corresponde aos órgãos genitais.
A próposito, a Abadia de Saint Denis, também em Paris e necrópole real francesa, abriga a maior coleção de tumbas e jacentes do mundo. Enfim, um programa diferente para quem deseja visitar Paris e pretende fugir do tradicional roteiro oferecido pelas operadoras. Vale a pena.