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Père-Lachaise

Por Benito Gorini 27/07/2023 - 07:00

Um grande programa em muitas cidades é a visita a cemitérios, o que poderia ser considerado estranho em nosso país. Highgate em Londres, Staglieno em Gênova,  Cemitério Judeu em Praga, Zentralfriedhof em Viena, Arlington em Washington e Recoleta em Buenos Aires são alguns exemplos.  No Brasil existem visitas guiadas nos cemitérios da Consolação em São Paulo, São João Batista no Rio e São Miguel e Almas em Porto Alegre.   No artigo “A Calúnia” da semana passada (clique aqui para conferir), sobre o compositor Rossini, fiz referência ao Père-Lachaise, cemitério parisiense visitado por mais de 2 milhões de turistas a cada ano, célebre pela riqueza arquitetônica e pelos personagens históricos ali sepultados. 

Alan Kardec, fundador do espiritismo, Chopin, grande pianista polonês e compositor do período romântico, Marcel Proust, escritor que descreveu brilhantemente a “belle époque” em sua obra “Em Busca do Tempo Perdido”, Edith Piaf, a maior cantora popular da França, Moliére, grande ator e dramaturgo francês, todos repousam no Père-Lachaise.  Sarah  Bernhardt, atriz famosa e grande dama do teatro, o casal do cinema Yves Montand e Simone Signoret, Jim Morrison, líder do grupo The Doors, morto em 1971, figuram entre as celebridades do cemitério.

Túmulo de Chopin, sempre com muitas flores I Foto: Arquivo Pessoal

Além do conteúdo histórico, o acervo arquitetônico do Père-Lachaise é considerável. Elizabeth Demidoff, princesa russa que morreu em 1818, é homenageada com um templo clássico, George Rodenbach, poeta do século 19, é mostrado saindo da sepultura com o braço estendido e uma rosa na mão. O monumento ao escritor Oscar Wilde, que escandalizou os ingleses e foi obrigado a fugir para Paris onde morreu levando uma vida desregrada   e o columbário, espécie de muro com nichos que guarda as cinzas de muitas personalidades francesas, são também pontos de grande atração turística. 

Chama muito a atenção a estátua do jornalista Victor Noir, morto a tiros por Pierre Bonaparte, primo de Napoleão III. Dizem que a escultura de bronze estimula a fertilidade, fato observado pelo polimento e brilho do metal na região que corresponde aos órgãos genitais. 

Jacente de Victor Noir no Père Lachaise I Fonte: segredosdeparis.com

A próposito, a Abadia de Saint Denis, também em Paris e necrópole real francesa, abriga a maior coleção de tumbas e jacentes do mundo. Enfim, um programa diferente para quem deseja visitar Paris e pretende fugir do tradicional roteiro oferecido pelas operadoras. Vale a pena.    

Jacentes de Henrique II e Catarina de Medici, na Abadia de Saint-Denis I Foto: Arquivo Pessoal

 

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