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Si vis pacem para bellum

Por Benito Gorini 06/08/2024 - 09:00

Em recente viagem à capital gaúcha - antes da catástrofe que se abateu sobre o estado vizinho - relatada no blog “A vibrante Porto Alegre” (clique aqui para conferir), passamos em frente ao Quartel do Exército próximo ao Parque da Redenção, local do extinto Doi-Codi, da época do regime militar.  A fachada ostentava o ditado latino “Si vis pacem, para bellum.

Acho a frase falaciosa. A grandes potências se armam não para garantir a paz mas sim para atingir seus ambiciosos planos de conquistas e dominações. Pode demorar mas um dia tudo acaba, como deverá ocorrer com o sanguinário ditador Nicolás Maduro, que massacra seu próprio povo para se manter no poder.  Até o poderoso Império Romano, que dominou o mundo por vários séculos, não resistiu às invasões bárbaras e acabou sucumbindo em 486 d.C. É bem verdade que é legítimo o direito de autodefesa mas os gastos estratosféricos com armamentos vão muito além do razoável. E com o advento da energia nuclear, com os milhares de mortes em Nagasaki e Hiroshima, nada está garantido. Basta uma mente perturbada disparar uma ogiva nuclear e tudo estará perdido. Einstein, questionado como seria a terceira guerra mundial respondeu: “Não sei como será a terceira guerra mundial mas sei como será a quarta: com paus e pedras".

Aliás, muitas invenções que teriam o objetivo de melhorar a vida humana acabaram se transformando em armas mortíferas. Santos Dumond, horrorizado pelo bombardeios na Revolução Constitucionalista de 1932, afirmou: “Meu Deus! Meu Deus! Não haverá meio de evitar derramamento de sangue de irmãos? Por que fiz eu esta invenção que, em vez de concorrer para o amor entre os homens, se transforma numa arma maldita de guerra? “. Suicidou-se em julho do mesmo ano. Felizmente - para uma alma  sensível como a dele - não testemunhou os horrores dos dois dias de bombardeio de Dresden em 1945, onde morreram 25.000 pessoas, segundo dados oficiais.

 

O bombardeio de Dresden   I   Crédito : euronews youtube

E os seres humanos, com seu grande potencial para destruição, também têm enorme capacidade de realizar grandes feitos. A restauração de importantes centros europeus devastados pelas guerras é um exemplo. Quem teve a oportunidade de conhecer Berlim, Dresden, Hamburgo e Colônia pode constatar a reconstrução de importantes sítios devastados pela guerra.

O Mural Fürstenzug, “A Procissão dos Príncipes”, composto por 23 mil azulejos de porcelana e com 102 m de comprimento, no centro histórico de Dresden  I Arquivo pessoal
Dresden, a Pérola do Elba    I    Arquivo pessoal

 

E seria muito apropriado ouvirmos “Saturn”, de Stevie Wonder, a sabedoria de Saturno, o Mensageiro da Velhice, em contraponto aos conturbados e irracionais tempos comandados por Marte, o Mensageiro da Guerra. 

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