No artigo “A Calúnia”, sobre Rossini (clique aqui para conferir) fiz referência à Basílica de Santa Croce, onde ocorreu um fato interessante com Henri-Marie Beyle, mais conhecido pelo pseudônimo de Stendhal, um dos maiores romancistas franceses autor de “O Vermelho e o Negro”, “A Cartuxa de Parma” e “Napoleão”. Bonapartista convicto, participou das campanhas napoleônicas na Itália em 1797-98 e auxiliou as tropas francesas na fracassada invasão da Rússia em 1812. Com a queda de Napoleão na Batalha de Waterloo em 1815, exilou-se em Milão onde permaneceu muitos anos, tendo a oportunidade de viajar pela Itália. Ao visitar a Basílica de Santa Croce foi acometido de um “ataque de nervos”. Stendhal descreveu os sintomas: “Eu caí numa espécie de êxtase, ao pensar na ideia de estar em Florença, próximo aos grandes homens cujos túmulos eu tinha visto. Absorto na contemplação da beleza sublime, cheguei ao ponto em que uma pessoa enfrenta sensações celestiais. Tudo falava tão vividamente à minha alma. Eu senti palpitações no coração, o que em Berlim chamam de 'nervos'. A vida foi sugada de mim. Eu caminhava com medo de cair.” O evento passou a ser conhecido como “Síndrome de Stendhal” e afeta os turistas todos os anos. Esse fenômeno bizarro faz com que as pessoas que visitam Florença sofram forte estresse psicológico ao se sentirem impressionadas com a abundância de obras de arte da cidade. Mas isso só acontece com uma ínfima parcela dos que visitam a cidade. A maioria só deseja conhecer os principais pontos turísticos, registrar tudo em fotos e selfies e se deliciar com as opções enogastronômicas da cidade, como a bisteca à fiorentina e um bom vinho toscano. E como sobremesa mergulhar o popular cantuccini em vin santo.
Mas se sentir os sintomas da síndrome, basta procurar os serviços médicos do “Ospedale di Santa Maria Nuova”, no centro histórico de Florença. O hospital, inaugurado em 1288 pelo banqueiro Folco Portinari, pai de Beatriz, a musa de Dante, é um dos mais antigos do mundo ainda em atividade.