Almas vencidas, noites perdidas, sombras bizarras
Na Mouraria canta um rufia, choram guitarras
Amor e ciúme, cinzas e lume, dor e pecado
Tudo isto existe, tudo isto é triste, tudo isto é fado”
Do latim “fatum”, que significa destino, geralmente inexorável. É por isso que o fado e tão triste e melancólico. Amor, morte e saudade são os temas principais do fado.
Na nossa primeira viagem a Portugal, há muitos anos, após subir a Mouraria no “elétrico 28” e visitar o Castelo de São Jorge, descemos a íngreme ladeira da Alfama e fomos jantar no famoso “Parreirinha de Alfama”. Estava então no auge, liderado pela proprietária e cantora Argentina Santos. Foi uma noite memorável, com um excelente bacalhau acompanhado por um bom vinho “nacional” e pelos belos fados. Em outras viagens não voltamos mais ao Parreirinha e após a morte de Argentina não sei se o padrão se mantém. Mas só o ambiente romântico da Alfama já vale a visita.
Alfama e Mouraria ainda hoje são bairros onde se preserva a tradição mas o Bairro Alto, no centro de Lisboa, conta com várias casas de fado, algumas verdadeiras armadilhas para turistas. A moçambicana Mariza, embora fiel ao repertório fadista, trouxe modificações ao espetáculo, dançando e movimentando-se pelo palco, ao contrário da estática forma tradicional e intimista de cantar o fado.
Lisboa e Porto se destacam como grandes centros do fado e em Coimbra os acadêmicos da famosa universidade tem uma maneira diferente de interpretação. Saem em grupos todos vestidos de negro a cantar o fado pelas estreitas ruas da cidade.
Sugestões
- Tudo isso é fado, com Cristina Branco;
- Foi Deus, Ai Mouraria, Uma Casa Portuguesa e Coimbra, com a inigualável Amália Rodrigues;
- Lisboa não sejas francesa, Barco Negro e Oiça Lá ó Sr Vinho, com Mariza;
- Meu amor é marinheiro, com Gisela João e o grupo Atlantihda;
- Os Argonautas, música de Caetano Veloso baseado em Fernando Pessoa, com Elis Regina;
- Mariza no Programa do Jô, cantando Cadeira Vazia, de Lupicínio Rodrigues.