O horóscopo será a assunto deste artigo, complementando a abordagem feita no blog anterior sobre os avatares. A astrologia surgiu há aproximadamente 4000 anos, na mesopotâmia, região que corresponde atualmente ao Iraque. A alternância do dia e da noite, do claro e do escuro, sempre condicionou as atividades sobre a Terra. O sol chamou em primeiro lugar a atenção do homem primitivo. A necessidade de se expor ao sol nas frias manhãs ou de se proteger na sombra de uma árvore nas horas mais quentes, foram razões que determinaram esta observação. A possibilidade de caçar e de se orientar em noites claras, fez com que o homem primitivo percebesse a presença da lua. As estrelas só foram objeto de curiosidade bem mais tarde, provavelmente na Babilônia. Os caldeus, grandes estudiosos da abóbada celeste, observaram que determinados grupamentos de estrelas formavam desenhos e pareciam acompanhar o movimento do sol, alternando-se a cada mês. Surgiram então o nome das constelações e como a maioria representava animais o conjunto recebeu o nome grego de zodíaco (zoo:animal).
Os signos do zodíaco
O astrofísico Carl Sagan, em seu livro Cosmos, descreve com propriedade a assunto: “O céu noturno é interessante. Há desenhos. Mesmo sem tentar, podemos imaginá-los. No céu setentrional, por exemplo, há um desenho ou constelação que parece um urso. Alguns povos chamavam-na “A Grande Ursa”. Outros veem imagens bem diferentes. Estes desenhos não são naturalmente reais, nós que os colocamos lá. Fomos caçadores e vemos caçadores e cães, ursos e jovens mulheres, objetos do nosso interesse. Quando os marinheiros europeus do século XVI viram pela primeira vez o céu meridional, transferiram para lá os objetos de interesse deste século, ou seja, tucanos, pavões, telescópios, compassos e popa de navios. Se as constelações tivessem recebido nomes do século XX, suponho que veríamos bicicletas, refrigeradores, astros de rock-and-roll e talvez até nuvens de cogumelo, um novo grupo de esperanças e receios humanos entre as estrelas.”
A excelente série Cosmos, de Carl Sagan
Na antiguidade acreditava-se que os astros exerciam enorme influência sobre as pessoas, o que conferia grande prestígio aos astrólogos junto aos nobres, reis e faraós. A partir do renascimento a astrologia foi desacreditada pelas descobertas astronômicas de Copérnico e Galileo, que refutaram as ideias geocêntricas de Ptolomeu. Isto provocou forte reação da igreja católica, com a condenação à morte de Giordano Bruno e a retratação de Galileo. No entanto, Kepler e Newton sepultaram definitivamente os antigos conceitos.
A teoria heliocêntrica de Copérnico
Já estivemos sob a influência de várias eras. Na era de Touro eram comuns os sacrifícios humanos, como bem demonstram as lendas cretenses sobre os jovens sacrificados ao Minotauro, morto por Teseu . Na era de Áries, as perdas humanas foram substituídas por animais, evidenciadas pelo relato bíblico do Gênesis, no qual Abraão foi detido pela mão do anjo, que substituiu o seu filho Isaac por um cordeiro. Na era de Peixes, a de Jesus, o pescador de almas, conceitos mais elevados surgiram, modificando o “olho por olho, dente por dente” do velho testamento. O próprio nome de Jesus é muito semelhante ao de peixe, em grego , quase um anagrama (Ichthys - Christos). Atualmente, com o advento da era de Aquário, há um novo interesse pela astrologia e assuntos esotéricos. O livro “A Profecia Celestina”, de James Redfield, aborda com profundidade o tema. Praticamente todas as pessoas consultam o horóscopo, conferindo as previsões para o dia. O ano astronômico e astrológico começa em março, no signo de Áries. No entanto, já se sabe há mais de dois milênios, que a disposição dos astros no céu não é a mesma da época em que foi descrita pelos caldeus. Este fenômeno, denominado precessão dos equinócios, foi descoberto por Hiparco no século II a.C. Em outras palavras, os nascidos sob a regência de Áries, por exemplo, hoje pertencem a Peixes, já a caminho de Aquário (por isso a nova era). Resta um consolo a todos nós. Podemos ler dois (ou três) signos e escolher as melhores previsões. Um bom augúrio, caro leitor.