Grosjean, Bottas, Maldonado, Ricciardo, Pérez e Hulkenberg. O que esses seis têm em comum? Todos da mesma geração de pilotos, estrearam na F1 entre 2010 e 2013. E o máximo que conseguiram: poucas vitórias, alguns pódios, barbeiragens e pés-na-bunda. Talvez o único que se salve nessa história toda seja Bottas, que conseguiu um carro bom para esse ano.
Começamos com Nico Hulkenberg, talvez o mais injustiçado e azarado desta lista. Um dos pilotos mais promissores dessa geração, estreou em 2010 na Williams, que tinha um dos piores carros do grid, fazia parceria com Barrichello e não conseguia fazer muito além de brigar por alguns pontinhos. Preterido no ano seguinte, voltou em 2012 para a Force India e em 2013 foi para a Sauber, nada pode fazer. Teve a chance de voltar para a Williams em 2014, mas o piloto negou e seguiu para a Force India. Escolha errada, com o novo patrocínio da Martini, a Williams conseguiu alcançar a terceira posição no campeonato, a equipe de Vijay Mallya foi apenas o sexto. Com medo de fazer a escolha errada novamente, Hulk assinou com a Renault e espera que, por estar em uma equipe de fábrica, consiga bons resultados no futuro. O alemão nunca conquistou sequer um pódio na categoria.
Depois de ter vencido Pérez e Bianchi na GP2 de 2010, Pastor Maldonado estreou bem na Williams em 2011, equipe que ficou até 2013, conquistando uma vitória memorável para a equipe e para ele na Espanha, em seu segundo ano na equipe. Com Kimi Raikkonen saindo da Lotus, o venezuelano optou por fazer parceria com Romain Grosjean na equipe francesa. Um fracasso. Perdeu uma chance enorme de fazer uma temporada dos sonhos na Williams para cometer as maiores barbeiragens – chegando a ser desclassificado de uma corrida na Hungria por receber múltiplas penalidades – e terminar chutado da equipe em 2015. Ninguém mais sabe que fim levou o tal indisciplinado venezuelano.
Um dos maiores pilotos da atual categoria, o mexicano mais sagaz de sua geração, Sérgio Pérez chegou na Formula 1 correndo pela Sauber em 2011. Depois de um ano fantástico em 2012, foi contratado pela poderosa McLaren, para correr ao lado de Jenson Button. Um desastre, terminando apenas em 11º e sendo preterido no ano seguinte. Sua ida para Force India lhe fez muito bem, sendo um dos responsáveis por colocar a equipe no patamar de quarta força. Em 2016, depois de terminar a temporada em sétimo, foi sondado na Ferrari, mas não passou disso. Hoje Sérgio é o sétimo colocado no campeonato, correndo ao lado do jovem francês Esteban Ocon, e acumula sete pódios na carreira.
Piloto da equipe júnior da Red Bull desde 2010, Daniel Ricciardo estreou na pequenina HRT em 2011 e passou a ser titular da Toro Rosso em 2012. Sua transferência para a matriz foi ligeira, logo após a aposentadoria de Mark Webber. Escolha arriscada, mas certa. Em seu ano de estreia na poderosa equipe conseguiu três vitórias, conquistando o terceiro lugar no campeonato e batendo ninguém menos que Sebastian Vettel. Daniel ainda corre na equipe austríaca e briga constantemente por pódios, mas impossibilitado de conquistar um título.
Romain Grosjean é uma incógnita na F1. Correndo desde 2012 na categoria, o franco-suíço de 31 anos já acumulou 10 pódios, mas nunca pôde mostrar, em uma categoria de ponta, a superioridade que tinha na GP2. Seus dois primeiros anos na Lotus mostraram o quão indisciplinado e imaturo ele era, mesmo ao lado de um ícone como Kimi Raikkonen. Em 2014, pilotando um carro nada veloz e um companheiro maluco, Romain fez o que pode e mostrou amadurecimento na pilotagem, que despertou interesse na Haas. Atualmente, Grosjean corre pela equipe americana e tem futuro incerto.
Para finalizar, o menos injustiçado – ou talvez o que mais injustiçou pilotos – Valtteri Bottas, o finlandês que botou Massa para comer poeira por três temporadas e pisou na lama ao chegar na Mercedes. Fez bonito na Williams, terminou em quarto em seu segundo ano e por merecer conseguiu uma vaga na melhor equipe do momento. Traçou o caminho que Hulkenberg nem ousou colocar o pé. Mesmo assim, é questionado na equipe. Será que valeu a pena ter investido nele para substituir Rosberg na segunda mais cobiçada vaga da Formula 1?
Muito se fala em Verstappen, Ocon, Wehrlein, Sainz, e que esses serão o futuro da F1 e tem praticamente um destino traçado: como campeões mundiais. Será que depois de Hamilton, Vettel, Alonso, Raikkonen, Button e Rosberg, veremos uma geração inteira se aposentar sem ganhar nada? Parece provável. Talentos desperdiçados que se aposentarão pensando que seria melhor ter nascido em outro momento.
Por Thiago Ávila