Cheguei para trabalhar em Criciúma em 1986 e rapidamente aprendi que os torcedores são exigentes ao extremo e assim fizeram a história vencedora de um clube que havia sofrido bastante em anos anteriores vendo o rival, Joinville, reinar absoluto no futebol catarinense.
Esta mentalidade exigente por vitórias e títulos mudou o patamar do futebol estadual e tornou o Tigre respeitado em todo território nacional, culminando com o título da Copa do Brasil e o primeiro catarinense a conquistar no campo o direito de disputar a Libertadores da América.
Depois de sucessos e fracassos ao longo dos anos a torcida foi perdendo a força do passado e fruto das últimas más gestões se tornou resignada quando escapar do rebaixamento em competições é o máximo que se exige.
Derrotar em casa um Hercílio Luz, por exemplo, é motivo de festa, pois estes três pontos servem para manter o time na primeira divisão do campeonato estadual.
No campeonato brasileiro, ganhar um pontinho fora de casa é também é motivo de festa, pois está fugindo do rebaixamento, mesmo que seja contra adversários da pior qualidade. A torcida deve pensar, não é necessária ambição pela vitória, vamos na segurança para não perder. Com este pensamento a torcida abandonou o estádio e hoje temos uma média de público ridícula, uma das piores de todos os tempos.
E assim temos acompanhado o Criciúma nesta trajetória de recuperação comandada por um técnico que fez o time crescer somente a ponto de escapar da zona de rebaixamento. O campeonato tem mostrado que pelo equilíbrio entre todos, um perde e ganha sem fim, arriscando um pouco mais poderia levar o Criciúma mais para perto dos líderes e assim fazer o torcedor retornar ao Heriberto Hülse, além de resgatar sua mentalidade vencedora.