Thiago Ávila *
Um mês sem ouvir o giro dos motores na categoria que mais cresce no mundo. Jean-Eric Vergne, Felix Rosenqvist e Sam Bird chegaram à Cidade do México pensando em sair de lá com a liderança do campeonato, já que estavam separados por cinco pontos de diferença entre um e outro. Buemi ainda se recuperava dos traumas que sofreu em Hong Kong e vinha forte. Já os pilotos da Audi, Di Grassi e Abt, já estavam agonizados com o grito de vitória entalado na garganta.
E o final de semana não começou diferente, com Rosenqvist e Buemi brilhando na fase de grupos, e três surpresas garantindo vaga no Superpole: Oliver Turvey - da fraquíssima NIO –, Antônio Félix da Costa – da Andretti – e Alex Lynn – companheiro de Bird na Virgin. Sem muitas dificuldades, o sueco da Mahindra fez seu dever mais uma vez e garantiu a segunda pole dele na temporada, já o suíço foi apenas o quinto.
Com diversos pilotos ganhando punições, o britânico da NIO acabou ganhando de presente um lugar na primeira fila ao lado de Rosenqvist. Buemi saiu de terceiro e Di Grassi e Bird foram partir só da última fila. Sobrou para as estrelas de Daniel Abt e Nelsinho Piquet brilharem na corrida, sendo o alemão da Audi largando em quinto e o brasileiro saindo de sétimo.
Abt já pega a posição de Félix da Costa na largada, e depois seis voltas completadas os cinco primeiros já estavam bem consolidados, com Rosenqvist disparando na liderança, botando 3 segundos em Turvey.
Mas aí veio a 15ª volta. O carro do sueco parou sem explicações. Era a corrida para o piloto da Mahindra tomar a ponta de vez do campeonato e dali não perder mais.
Ele tentou ainda se recuperar, mas seu carro deu apagão mais duas vezes, tomando uma volta do grid todo. Sem ninguém a sua frente, o inexperiente em pódios Oliver Turvey assumiu a ponta, com Buemi em segundo e Abt em terceiro.
Seis voltas depois, Buemi comete mais um erro de curva e deixa Abt, que era mais rápido, passar. Pelo jeito o suíço ainda não aprendeu a lidar com as curvas desde a corrida em Marrakesh, quando perdeu para Rosenqvist cometendo um erro bobo também em uma curva.
Baterias acabando, hora de parar. Daniel Abt, que já vinha mais rápido que Turvey na corrida, troca de carro mais rápido que ele e assume a ponta. Como já diria Téo José “Agora não perde mais”. Realmente, o alemão sumiu na corrida.
Fazendo uma estratégia conservadora, Nelsinho ficou uma volta a mais na pista e depois da parada, voltava em sexto, com mais bateria para gastar que o resto do pelotão. E a partir dali sua estrela começou a brilhar. Passou seu companheiro Mitch Evans na 33ª volta e em seguida foi a vez de Jean-Eric Vergne sofrer nos braços do brasileiro.
Nelsinho chegava em Buemi e Turvey e a briga pela segunda posição se estende até o final, mas nada muda. Dessa vez ninguém tira o triunfo dele: Daniel Abt conquista sua primeira vitória na categoria, seguido de Turvey (que nem sabe como se abre um champanhe) e Buemi.
Sabe quem se deu bem nisso tudo? O ainda líder Vergne, que sem fazer muito esforço, bateu seus dois rivais na briga pelo título e agora aumenta a vantagem para 12 pontos. Já na Mahindra, tristeza profunda, pois sai do México sem nada de pontos. E com um piloto ainda mais frustrado por não ter conseguido cravar de vez a liderança no campeonato, porque convenhamos: o sueco é muito mais piloto entre os três líderes.
* Estudante de jornalismo na PUCRS