Tenho insistido com frequência sobre a falta de planejamento que o Criciúma vem mostrando há muito tempo. Sempre que começa uma temporada o presidente discursa afirmando que o time é muito bom, que o plantel atende à busca dos objetivos, que vai recuperar o título estadual e que principalmente conquistará o acesso no campeonato brasileiro.
Desde 2016 quando teve a oportunidade de começar uma temporada, pois pegou o bonde em andamento no final do ano anterior, vem mostrando que tudo fica apenas na vontade e os erros acumulados fazem o time sempre ficar no mesmo lugar sem perspectivas de atingir qualquer objetivo que não seja apenas fugir do rebaixamento na série B e incrível, até no campeonato catarinense.
Alguns times este ano estão mostrando o caminho e a forma de fazer um futebol competitivo. Por exemplo, os quatro que vieram da série C em 2018.
Nem quero tripudiar falando do Bragantino que firmou parceria com o RB Brasil e com a injeção de recursos da Red Bull vai fazendo campanha de gente grande e praticamente garantiu o acesso à elite.
Os demais, Botafogo de Ribeirão Preto, Operário do Paraná e Cuiabá do Mato Grosso que não chegam nem perto da história e tradição do Criciúma estão dando aulas de planejamento. E todos coincidentemente com 35 pontos colados no G-4 depois de 23 rodadas.
O time paulista que no campeonato estadual escapou por pouco do rebaixamento veio forte para o brasileiro com boas contratações e depois de oscilar com a saída do técnico Roberto Cavalo foi buscar Hemerson Maria que conseguiu devolver ao time o caminho das vitórias.
Os modestos Operário e Cuiabá deram mostras de inteligência mantendo seus técnicos há tempos, indo na contramão dos conceitos que se baseiam apenas em resultados. Com poucos recursos e pequena estrutura fazem um campeonato que surpreendem os que davam como certo que fracassariam.
Os três estão com 12 pontos a mais que o Criciúma que já está em seu terceiro treinador na temporada. A luta a cada jogo é para fugir do rebaixamento, o Heriberto Hülse, antigo caldeirão, se tornou salão de festas de qualquer adversário, a torcida não suporta mais tantas decepções e o pior, não se percebe nenhuma reação que possa estancar este roteiro de brigar até o final para escapar da série C.
Tenho quase certeza que o presidente Jaime Dal Farra não sabe o que comprou. Futebol não é só pagar em dia que é obrigação, é saber planejar, no caso do clube ser de uma empresa investir hoje para recuperar amanhã, como fez o primeiro dono Antenor Angeloni. Investiu durante alguns anos, saiu da série C para a elite e quando recuperou o investimento vendeu para quem não quis seguir o mesmo caminho.