Thiago Ávila *
Como o Nassif, que já é um experiente no mundo das copas, eu fui cobrir neste final de semana minha primeira corrida de Formula-E, na Playa Brava, em Punta del Este. Aluguei um apartamento de frente para a última chicane e acompanhei dali o som agudo quase falsete dos motores elétricos, muito diferente dos à combustão, um barulho que nem incomodava.
Ali assistia os carros em alta velocidade passando reto na zebra, quase passando por cima do demarcador que indicava os limites da pista. Vi Nico Prost arrancando um pedaço da parede antes de errar na curva e dar uma pancada no muro. Registrei o momento em que Alex Lynn quase arrancou o demarcador de pista. E assisti as placas da Michelin balançarem no outro lado da pista quando os carros passavam rasgando na reta.
Às 14h, foi a hora da sessão de autógrafos, na Allianz e-Village, que era aberta ao público. O local funcionava como uma feirinha elétrica, que ficava no lado de fora da pista, no qual tinha a loja oficial da Formula-E, simuladores, demonstração de carros e bicicletas elétricos, food trucks... Antes da sessão, alguns pilotos correram no simulador com os fãs na final da chamada e-Race. Mesmo com a desorganização da fila, que mesclavam entre aqueles que queriam pegar autógrafos com os que apenas queriam olhar para os pilotos, consegui com que alguns assinassem minha camiseta.
Mas falando de corrida, Di Grassi, Lynn, Evans, Turvey e Vergne fecharam nessa ordem a classificação do superpole. Porém, além de Evans tomar quinze posições por estar abaixo do peso mínimo, Di Grassi, Lynn e Turvey tiveram seus tempos anulados por cortar qual curva será? Exatamente. Na chicane onde eu acompanhava tudo. Vergne, que largaria em quatro, acabou assumindo a pole.
E dessa vez Di Grassi não teve problemas e desde a largada pressionou o francês. Evans fazia uma corrida espetacular e saia de 16º para brigar por posições lá em cima. Um pouco mais distante da minha visão, pude ver a briga em que os companheiros de Virgin travaram na saída dos boxes, com Bird ultrapassando Lynn.
Abt, que vinha em terceiro, teve que fazer uma parada a mais por não afivelar o cinto corretamente. A Audi não consegue passar uma corrida sem fazer uma besteira...
Nas últimas voltas, Vergne liderava, fazendo uma bela corrida defensiva, com Di Grassi logo atrás, percebendo que Bird já começava a chegar junto. Evans vinha em quarto e Lynn em quinto. Nelsinho vinha com problemas na traseira do carro desde o início da corrida e não conseguiu aguentar até o final.
O francês cruzou a linha de chegada, com o brasileiro 0,4 segundo grudado atrás. Bird, Evans e Rosenqvist, que ultrapassou Lynn, fecharam o top 5.
A cerimônia do pódio foi outro espetáculo. Aberto ao público, sobre a areia da praia, os fãs puderam ver de perto a premiação que teve entrada dos pilotos no meio da torcida, champanhe jogado para a galera, bolas de plástico, selfie dos pilotos com o pessoal e a entrevista final dos vencedores, agradecendo ao público depois de todo aquele sábado movimentado.
Jean-Eric Vergne segue agora mais líder do que nunca, 30 pontos na frente de Felix Rosenqvist. É, depois de três anos de domínio total da Renault, parece que veremos a Techeetah na frente ao final da temporada.
* Estudante de jornalismo da PUCRS