Em março de 1977, a alemã Elizabeth Käsemann foi presa em Buenos Aires. Nascida em Gelsenkirchen e filha de um professor de teologia, a socióloga de 30 anos, estudava economia e trabalhava como professora de idiomas na capital argentina.
Elizabeth foi listada como terrorista pelo regime, foi levada para uma detenção e depois de semanas torturada foi executada em 24 de maio com um tiro nas costas junto com mais 15 prisioneiros.
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Por que este episodio aqui no Almanaque da Bola?
No dia 05 de junho daquele ano foi realizado um amistoso entre Argentina e Alemanha Ocidental, os alemães então campeões mundiais e a seleção argentina que ganharia o título jogando em casa um ano depois. A partida foi realizada na Bombonera perante 60 mil espectadores.
Nas semanas que antecederam o amistoso grupos de direitos humanos e religiosos se mobilizaram ao redor da prisão de Elizabeth. A diplomacia alemã ignorou um pedido de habeas corpus e três dias antes do jogo a embaixada alemã em Buenos Aires e a Federação Alemã de futebol receberam a confirmação da morte da socióloga.
Mesmo assim as autoridades preferiram confirmar o amistoso e ignorar o assassinato. O presidente da Federação Alemã, Hermann Neuberger, já havia relativizado publicamente as acusações contra o governo argentino e se prontificou a evitar que os jogadores fossem informados sobre o caso.
Somente no dia seguinte ao jogo é que a informação sobre a morte de Elizabeth Käsemann se tornou pública. O ocorrido não mudou o pensamento dos dirigentes alemães que ignoraram mais uma vez os assassinatos e atrocidades cometidos pela ditadura argentina e um ano depois a seleção alemã retornou à Argentina para disputar a Copa do Mundo.
No amistoso de 1977 na Bombonera a Alemanha Ocidental derrotou os donos da casa por 3x1.