Poucos sabem, mas a primeira transmissão de uma Copa do Mundo pela televisão brasileira foi possível por um blefe de um componente de uma delegação que foi ao México negociar com o Telesistema Mexicano os direitos para que o povo brasileiro pudesse assistir ao vivo o Mundial de 1970.
A empresa mexicana havia comprado os direitos para negociar a transmissão dos jogos com as televisões do mundo inteiro e a TV Tupi comprou a exclusividade para o Brasil. Como havia sido assinado um protocolo em 1966 que proibia a exclusividade para a transmissão de jogos da seleção brasileira as demais emissoras protestaram e foi necessário um novo acordo para compra dos direitos junto ao Telesistema Mexicano.
O contrato de compra pela TV Tupi foi anulado e as emissoras fizeram um “pool” para transmitir os jogos da seleção brasileira. Este “pool” formado pelos representantes de várias televisões brasileira foi ao México no final de 1969 negociar com o todo poderoso Emílio Ascárraga comandante do Telesistema Mexicano.
Numa negociação muito tensa o mexicano pediu a quantia de US$ 1.200.000 para ceder os direitos às emissoras brasileiras. As emissoras responderam com uma contraproposta de US$ 550.000 rejeitada por Ascárraga.
Foi aí que o diretor da Rádio Nacional, Paulo César Ferreira que estava presente na reunião blefou e disse com todas as letras: “Pois bem, senhor Ascárraga. O senhor é o homem mais poderoso da América Latina, faça então o que quiser. Não transmita a Copa para o Brasil, mas também fique certo que não terá a seleção brasileira em campo. O senhor acha que o governo brasileiro irá permitir que a nossa seleção jogue depois de uma ofensa dessas do México? Eu quero ver como é que vai ficar essa merda de sua Copa sem a seleção brasileira”.
O blefe foi disparado com tanta convicção que o mexicano pensou que o Paulo César fosse também representante do governo brasileiro. O acordo foi revisto e o contrato com o “pool” de emissoras foi fechado em US$ 715.000 e garantiu a transmissão da Copa de 1970 para todo o Brasil.