Thiago Ávila *
Jeff Giassi, natural de Criciúma, encerrou neste final de semana sua participação no Porsche Tag Heuer Esports Supercup, o campeonato mundial de corridas virtuais, no simulador, da montadora alemã. Na etapa de Monza, neste sábado, Giassi largou em nono, com tempo muito próximo dos oito primeiros – que garante inversão de posições na primeira corrida – e depois de uma boa largada, terminou em sétimo na bateria 1.
Na segunda prova, vinha se mantendo em nono e muito próximo dos líderes, até sofrer um toque de Max Benecke, que o jogou para o fim do pelotão. Mesmo com o resultado ruim da última prova, Jeff conseguiu terminar em 10º, cinco pontos a frente do americano Mitchell deJong e conquistou a premiação de seis mil dólares.
Mas o campeonato do brasileiro não se resumiu apenas aos seus últimos resultados ruins. Jeff começou sua temporada de estreia com o segundo melhor tempo na sessão de classificação, em Zandvoort. Depois engrenou uma série de sete top-10 na Catalunha, Donington Park, Silverstone, e incluindo seu melhor resultado em Road Atlanta, o quinto lugar. Na reta final da temporada enfrentou diversos problemas, tanto de leves falhas na classificação, quanto de toques que o tiraram da prova. O sétimo lugar em Monza ainda salvou o top-10 do piloto.
Jeff foi o terceiro brasileiro a conseguir ficar entre os dez primeiros em um campeonato do iRacing. O primeiro havia sido Hugo Luis, considerado uma das principais referências brasileiras nos simuladores, que conquistou o título mundial em 2011, na época em que a disputa era em carros de Formula 1. O outro foi Mogar Filho, que conseguiu o mesmo décimo lugar de Giassi em 2013.
Conversamos com o piloto e destrinchamos sua temporada de estreia. Também descobrimos que o catarinense tem ambições para disputar a temporada completa da Porsche Carrera Cup com carros reais, saindo do simulador. O primeiro grande desafio de Giassi nos carros de GT3 vai ser dia 6 de dezembro, nos 500 km de Interlagos.
THIAGO ÁVILA: Como foi o seu desempenho durante a competição? Você começou bem, foi mantendo a regularidade, teve uma leve queda no final e ainda conseguiu terminar no top-10.
JEFF GIASSI: O campeonato foi cheio de altos e baixos, toda vez que eu ia para uma corrida, estava indo para algo totalmente inesperado. A diferença de ritmo entre o meu ritmo e o líder do campeonato, que acabou sendo campeão, o Sebastian Job, foi praticamente o mesmo o campeonato inteiro. Por essa diferença ser muito parecida de uma pista para outra, eu sempre chegava pronto para uma surpresa na corrida, porque o ritmo de todos eram muito parecidos. Logo na estreia consegui um segundo lugar na tomada de tempo, e depois na corrida seguinte eu errei só um pouquinho no qualy e acabei caindo para 18º. Então comecei a sentir que o mundial, logo nas primeiras etapas, que para os resultados surtirem efeitos eram nos mínimos detalhes. No meio do campeonato tive um pouco de queda de performance, mais pelo fator sorte, às vezes você erra um pouco no qualy e já perde dez posições, ou como aconteceu em Le Mans, que fomos tirados da corrida, mas senti que o tempo de volta ia melhorando cada vez mais. Chegamos agora e terminamos o campeonato em 10º, estou muito feliz, ganhei uma fatia grande da premiação, não poderia ser melhor. Ainda fui o segundo melhor estreante.
TA: Qual era as expectativas antes do campeonato e depois da primeira prova?
JG: Quando eu comecei minha expectativa era ficar entre os 20 primeiros, mas ela acabou mudando bastante depois da minha primeira participação, na tomada de tempo. Então pensei: Bom, se eu consegui isso agora, e eu treinei bastante, quer dizer que até o final eu conseguiria disputar pra estar entre os 10 primeiros. O plano era ficar entre os 20, para manter a vaga para o ano que vem, e depois dessa primeira etapa comecei a criar mais otimismo e quando vi que existia essa possibilidade eu continuei mantendo o ritmo de treino, que já era o dia inteiro, e cheguei na última etapa completamente exausto.
TA: Quais são os planos para o futuro, além dos 500km de Interlagos da Porsche em dezembro?
JG: Meu planejamento até há uma semana e meia atrás era tirar férias do simulador até janeiro, mas como o iRacing adiantou os planos e anunciou a volta já em janeiro e a classificatória do mundial começa daqui a pouco, eu vou treinar com os brasileiros que estão buscando essa vaga no mundial, para tentar trazer a experiência que eu tive esse ano para que a gente consiga ter mais brasileiros no mundial. Então minhas férias não vão existir (risos). Mas o que eu desejo para o ano que vem é manter a mesma meta, de ficar entre os 10 primeiros, quem sabe ir até melhor, e sinto que a curva de aprendizado este ano foi muito boa. Infelizmente não terei tempo para descansar, mas em contrapartida não vou perder o ritmo, e acredito que estarei bem preparado para a competição.
TA: E pretende continuar disputando o campeonato brasileiro?
JG: Sem dúvida! Se o campeonato continuar no iRacing (plataforma onde acontecem as corridas virtuais), continuarei. Ainda não foi anunciado se terá mais algum campeonato ainda esse ano. Com o calendário do mundial começando já em janeiro, o brasileiro também deve ser alterado. Mas com o brasileiro voltando ano que vem torço muito para que eu volte, porque é o campeonato mais incrível que já teve de automobilismo virtual aqui no Brasil, seria uma honra estar participando de novo, com essas feras que tem no país. E a sensação de andar na frente junto com os melhores é algo que não tem como descrever.
TA: Além dos 500Km de Interlagos, você pensa ainda em correr mais com carros reais?
JG: Estou trabalhando para isso. Como não tem nada definido e está tudo muito no começo, não poderia dar certeza de nada. Mas meu sonho é fazer uma temporada completa na Porsche (Carrera Cup Brasil). Vamos ver como vai desenrolar os últimos meses de 2020 e os primeiros meses de 2021 e torcer para que dê tudo certo. Porque no simulador o carro é incrível, das vezes que eu pilotei no real foi ainda mais incrível, então fazer uma temporada completa com esse carro real depois de tudo que disputamos no simulador, seria uma sensação indescritível.
* Jornalista