Thiago Ávila *
O tradicional circuito de Barcelona-Catalunha nunca foi lá uma pista com ótimas provas. Talvez as únicas mais recentes que tiveram um resultado interessante foram nas vitórias de Max Verstappen em 2016, e de Pastor Maldonado em 2013. A primeira foi logo na estreia do jovem holandês na Red Bull, e a última citada, foi o único momento de sucesso do atrapalhado venezuelano da Williams.
Bom, o GP da Espanha de 2020 não entra nessas exceções, foi uma corrida ruim – muito chata, falando o português bem claro. Lewis Hamilton largou na frente e liderou muito tranquilo todas as voltas, chegando a abrir 23 segundos de vantagem para Verstappen em segundo colocado.
O único piloto que poderia ameaçar o rei absoluto da Formula 1 era seu companheiro Valtteri Bottas, mas o finlandês já jogou a corrida fora na largada, quando chegou a perder posição para Lance Stroll e quase caiu para quinto com a ameaça de Pérez. O finlandês até que não fez uma má corrida, terminou no pódio e com uma margem absurda de 52 segundos para Pérez – e fazendo duas paradas a mais que o rival.
Bom, corridas na Espanha tem uma característica fundamental, que determina o resultado da corrida: a estratégia. É uma pista de difícil ultrapassagem, portanto quem escolhe melhor as horas das paradas ou conserva bem os pneus para parar menos, leva a melhor.
Foi o que fez Sebastian Vettel, que inclusive levou o prêmio de piloto do dia no voto popular. Ele largou em 11º, depois de um treino de classificação horroroso, mas com uma vantagem sobre os demais: os compostos médios. Todos os pilotos do top-10, por obrigatoriedade, largaram com os pneus que fizeram o Q2 (a segunda fase da classificação), sendo estes mais macios. O alemão tinha a estratégia na mão, era só executar: largar de médio e colocar os duros durante a corrida.
Mas a Ferrari tentou algo diferente, uma tática que poderia ter matado de vez a corrida de Seb. Trocou os médios por macios, portanto forçando o piloto a ter que gerenciar muito os pneus para chegar com eles inteiros no final ou parar mais uma vez. Mas Alex Albon, que vinha muito bem na sexta posição, já tinha parado algumas voltas antes para testar os pneus duros, e estes eram extremamente lentos.
No fim, a estratégia que os italianos fizeram para o tetracampeão deu bastante certo. Vettel pulou para quinto e até o final da corrida perdeu posições para Stroll e Sainz, que tinham compostos mais novos e também mais carro. Seb levou a Ferrari para uma boa sétima colocação – sim, para a porcaria da Ferrari este ano, isso é um bom resultado! – e ainda na frente de Albon...
Este foi o GP da Espanha. Uma corrida morna, com um resultado lógico e uma visão de estratégia perfeita da Ferrari e Vettel – quem diria!
Hamilton segue tranquilo na liderança com 132 pontos, 37 pontos à frente de Verstappen, e Bottas em terceiro, com 89. Próxima corrida é daqui duas semanas, o GP da Bélgica.
* Jornalista