O futebol brasileiro produziu dois gênios incomparáveis. Incomparáveis com outros jogadores e com eles mesmos. Pelé e Garrincha, Garrincha e Pelé. Qual o melhor? As opiniões desde muito se dividem, mas cada qual no seu estilo foi o máximo que já se viu no futebol mundial. À medida que crescia a admiração do povo por estes seus ídolos, ambos iam se tornando inimigos públicos de seus companheiros de profissão. Estava declarada aberta a temporada de caça ao Pelé e à Garrincha.
Como cada um tinha um estilo e reagia de acordo com seu temperamento. Pelé quando caçado, derrubado e pisado levantava-se com os olhos ardendo e fulminava o brucutu do outro time e partia para o revide também sem contemplação.
Garrincha pelo contrário, na sua pureza não reagia, levava a pancada, caía, apalpava as pernas para sentir se algo estava quebrado, levantava-se e ficava pronto para novo pontapé. Nem
olhava para seu algoz. Quando muito, quando se levantava perguntava inocentemente: “que foi que lhe fiz?”
Esta inocência fez Garrincha inventar a mais pura jogada do futebol brasileiro: a bola fora quando um adversário se machuca. Garrincha inventou esta jogada num Botafogo e Fluminense.
O zagueiro Pinheiro ao rebater uma bola estourou o músculo da coxa. A bola sobrou para Garrincha que foi livre para a área. Podia fazer o gol, mas ao ver Pinheiro caído jogou para lateral como se fizesse a coisa mais natural do mundo. Quando o lateral do Fluminense foi bater o lateral, compreendeu que tinha que retribuir. Aquela bola era do Botafogo e não do Fluminense.
O fair-play, criação de Garrincha tornou-se tradição no futebol brasileiro e hoje é praticado em todos os cantos do planeta.