Um dos jornalistas mais folclóricos do Brasil foi inegavelmente o saudoso Joao Saldanha. Quando foi técnico da seleção brasileira nas eliminatórias para a Copa do Mundo do México em 1970 e o regime vigente na época era a ditadura militar, o presidente de plantão era Garrastazu Médici que invocando seus poderes exigiu a convocação do atacante Dario, o Dadá Maravilha, um dos maiores artilheiros do país em atividade.
Joao Saldanha lascou: “quando o Médici escala seus ministros não dou palpite, então ele que não se meta a escalar a seleção”.
Não foi a primeira vez no Brasil em que houve este conflito. Em 1927 numa partida entre paulistas e cariocas disputadas em São Januário, ao lado das 50 mil pessoas que se espremiam pelas arquibancadas estava na tribuna de honra de casaca e cartola o então presidente da República Washington Luís.
Jogo vai, jogo vem e foi marcado um pênalti contra os paulistas que indignados iam abandonar o campo. Jogo parado, o presidente chama seu oficial de gabinete e manda uma ordem para que o jogo continue. Ordem do presidente da República. O oficial obedece, desce até o gramado e a notícia do reinício do jogo se espalha por todo o estádio.
Um jogador da seleção paulista, Feitiço que nem era capitão do time deu a resposta curta e grossa: “o doutor Washington Luís manda lá em cima, na tribuna de honra, aqui em baixo sou eu é quem manda”. E para mostrar que não era conversa fiada tirou de campo todo o time paulista. Ao presidente da República não restou alternativa que não ir para casa ofendidíssimo.
Por causa deste episódio o Brasil não foi às Olimpíadas de 1928, pois Washington Luís negou a subvenção à CBD.