Thiago Ávila *
Quem acompanhou as 500 milhas de Indianápolis há dois anos se empolgou com o desempenho de Fernando Alonso, e esperava que o mesmo se repetisse para 2019. O quinto lugar na classificação e o desempenho fantástico na corrida, sendo um dos pilotos que mais liderou a prova, fez o público enlouquecer e até o apontar como o melhor de todos os tempos (EMPOLGOU!).
A parceria McLaren-Andretti-Honda em 2017 parecia ter funcionado muito bem: Os ingleses trazendo Alonso, os americanos trazendo toda a experiência em ajustes no carro, e os japoneses trazendo o motor, que cá entre nós, na Indy até que funciona. Há 20 voltas do fim, Fernando abandona por problemas de motor, algo que ele já conhecia bem de suas provas com o mesmo motor na F1.
Zak Brown, chefe da McLaren, teve que escutar o ano inteiro o piloto reclamando do ‘motor de GP2’, como ele mesmo disse no GP do Japão em 2015. Alonso chegou num nível de indignação tão alto com a McLaren que a situação já estava entre “Eu ou o motor”, e Zak não hesitou em escolher Fernando.
Para 2018, os ingleses se desfizeram da parceria com os japoneses e assinaram contrato com a Renault, na qual fizeram uma temporada bem meia-boca e Alonso pediu para sair.
Mas o vínculo McLaren-Alonso não acabara e para 2019, na tentativa do espanhol de ganhar a tríplice coroa (Mônaco, Le Mans e Indy), eles estavam de volta aos Estados Unidos. Mas com que equipe eles iriam se filiar? Fernando de jeito algum iria correr de motor Honda, e da mesma maneira a Andretti não iria se desvincular com o motor apenas para a disputa da Indy 500.
A Carlin, equipe de forte tradição na F2, mas novata na Indy, foi a escolhida dos britânicos. Além de serem compatriotas, já tem um vínculo desde 2015, para o suporte da carreira de Lando Norris, e usam motor Chevrolet.
Mas aí chegam os treinos. Fernando começa mal, nem aparece entre os 20 primeiros. Em seguida ele sofre uma batida forte no muro, o carro vai de uma parede a outra e volta mais fraco para as laterais do oval. Mais uma sessão jogada fora. Chega o sábado: dia de descobrir quem serão os nove que disputarão o Fast Nine e os ‘bumpeados’ (entre o 31º e o 36º), que disputarão a classificação para o evento principal domingo que vem. Alonso vai a pista cinco vezes, é o que mais dá voltas no sábado, mas o máximo que consegue é ser o 31º colocado, 0s0136 atrás de Pippa Mann.
No domingo, a chuva transferiu o Bump Day, marcado para às 13 horas, para às 17:30, e Alonso teve apenas uma chance. Sage Karam e James Hinchcliffe foram mais rápido em 0.2 mph. Com o terceiro lugar, Fernando garantia a última vaga no grid. Mas aí veio Kyle Kaiser, da modesta Juncos, e atingiu uma velocidade média de 227.37 mph, apenas 0.02 na frente do espanhol. Alonso apenas deu as costas e voltou para os boxes num carrinho de golfe.
Sim, depois de fazer uma espetacular corrida em 2017, Alonso e a McLaren dão o maior vexame de 2019. Eles nem sequer vão participar da mais importante prova do automobilismo mundial. A tríplice coroa vai ter que esperar...
* Estudante de Jornalismo da PUCRS