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O velório das mil corridas

Por João Nassif 14/09/2020 - 07:45

Thiago Ávila *

 Ah, Toscana... Que lugar romântico para se visitar! Cidades encantadoras, com uma paisagem maravilhosa, terra dos melhores vinhos e arquiteturas renascentistas... Um local perfeito para celebrar uma história de amor de 70 anos entre Ferrari e Formula 1. Comemorando simultaneamente as 1000 corridas da história da escuderia italiana, nada mais justo que uma pintura retrô, relembrando o carro da primeira temporada da F1.

Mas, as bodas de vinho, na verdade, viria ser mais uma discussão de relacionamento do que de fato um encontro romântico.

A estreia do circuito de Mugello na maior categoria do automobilismo chegou para querer ficar. Logo na largada um acidente envolvendo Verstappen, Gasly, Raikkonen e Grosjean. Depois da saída do Safety Car, UM BIG ONE! (Para quem não está familiarizado com a Nascar, um big one é uma batida envolvendo cinco ou mais carros). Bottas, que havia conseguido a liderança depois de uma largada ruim de Hamilton, segurou o pelotão depois da bandeira verde e um efeito dominó envolvendo Magnussen, Giovinazzi, Sainz, Latifi e Ocon se formou, causando a bandeira vermelha. O tal acidente só não foi mais feio que o GP da Bélgica de 1998, quando houve 13 carros envolvidos.

Sobraram apenas 13 pilotos na segunda largada, que visto como foi em Monza, voltou a ser parada e sem Safety Car. Hamilton saiu melhor e deu o troco em Bottas. Leclerc, que era terceiro, começou a perder várias posições, e Vettel era apenas o 10º colocado. A situação da Ferrari era péssima, nem Mugello, seu circuito próprio, foi a solução.

Depois de perder para Stroll, Ricciardo, Albon, Pérez, Norris e até Kvyat, Leclerc optou por fazer a parada, algo que pareceu não funcionar muito bem, visto que a Ferrari o chamou de novo para o box 16 voltas depois.

Na briga pela terceira posição, Stroll vinha mais rápido que Ricciardo e logo o passaria, isso se não fosse por uma “Strolada” depois de passar na zebra na curva 9, o carro rodou e acertou em cheio a barreira de pneus. A bandeira vermelha novamente apareceu.

Depois de 20 minutos parado, os doze carros restantes voltaram para uma terceira largada – VIROU NASCAR! Dessa vez, no round 3 entre Hamilton e Bottas, o britânico levou a melhor e praticamente selou a vitória. O finlandês inclusive chegou a perder a vice-liderança para Ricciardo, e também atrasou o ataque de Albon ao australiano.

De volta à normalidade – as duas Mercedes nas duas primeiras posições – iniciou a disputa pelo pódio, agora entre Ricciardo e Albon. Qualquer um seria uma terceira posição inédita, ou para a Renault – isso desde a sua volta a categoria em 2016 – ou para o tailandês, que havia batido na trave em duas ocasiões. Ao seu melhor jeito suicida de ultrapassar, o piloto da Red Bull foi por fora na curva 1, quase indo para a caixa de brita. E como o adversário da vez não era Hamilton, ele conseguiu enfim garantir a posição de pódio.

Festa da Mercedes e Red Bull, velório para a Ferrari. Leclerc terminou em oitavo, Vettel foi o décimo. O ano das mil corridas, aniversário de 70 anos... é, talvez no próximo milhar, Ferrari...
 
* Jornalista

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