Muita reclamação, mas pouco choro foi a reação do técnico e jogadores da seleção brasileira após o empate na estreia na Copa do Mundo. Também pouca indignação que foi muito mais forte entre torcedores e uma parcela da crônica que fez questão em realçar os lances polêmicos que poderiam ter impedido a vitória que confirmaria ainda mais o favoritismo para o hexa.
O empate colocou muitas dúvidas sobre a trajetória tida como bem pavimentada e que esbarrou num resultado que mesmo discutível deixou claro que nem tudo é um mar de rosas. A forma quase submissa quando se trata do técnico Tite, a colocação de Neymar num patamar de um semideus são alguns dos componentes que podem mascarar uma situação mais real do nivelamento que o futebol tem mostrado nestes tempos em que são poucos os bobos que sobraram e que nesta Copa pouco se manifestaram. Arábia Saudita, certamente.
A seleção não tem um líder em campo que possa colocar respeito e cobrar quem não está entendendo o andamento do jogo. Cobrar que o coletivo tem que se sobrepor à individualidade. A falta de um verdadeiro capitão permite, por exemplo, que Neymar faça como bem entende e que o técnico à beira do campo seja o maestro do time com sua postura corporal como que regendo uma orquestra.
Quero dizer que na seleção sobra talento, mas falta alma, diferente de outras seleções brasileiras vencedoras com comando firme dentro de campo, mesmo que os técnicos não tivessem a ascendência do atual. Faltam neste time um Zito, bicampeão em 1958 e 1962, um Carlos Alberto em 1970 e um Dunga em 1994. Vamos combinar, a seleção de 2002 não precisou de um grande líder, pois os Ronaldos e Rivaldo resolviam tecnicamente.
Nem tudo está errado, mas é bom que todos lá na Rússia fiquem espertos, pois o caminho não será tão fácil como em principio se pensava. Os jogos de estreias dos favoritos mostrou como será de agora em diante.