Um jogador mais confiante percebe o goleiro adiantado avançado e dispara um chute do meio-campo sem perder um segundo de tempo. A bola viagem para o alto, descreve uma parábola e o estádio todo prende a respiração. O goleiro desesperado tenta voltar correndo para o gol, mas não tem tempo e a bola entra sem perdão.
Os narradores entusiasmados emitem o grito de gol e acrescentam, foi o gol que Pelé não fez. A referência foi o chute de Pelé no primeiro jogo da seleção brasileira na Copa do Mundo de 1970.
O Rei do meio-campo percebeu o goleiro Viktor da Tchecoslováquia fora de posição e arriscou o chute da linha central errando o gol por centímetros. Se a bola tivesse entrado seria um dos maiores gols de todos os Mundiais.
A ousadia de Pelé e a expressão de susto do goleiro Viktor, combinados com o caprichoso desvio da bola eternizaram a tentativa da mesma forma.
Outro lance de Pelé que também ficou eternizado foi contra o Uruguai na semifinal do mesmo Mundial. O drible sem tocar na bola no ótimo goleiro Mazurkiewicz que também gerou um outro quase-gol.
E teve mais, um arremate de bate pronto rebatendo um tiro de meta do mesmo Mazurkiewicz e a cabeçada impecável para a defesa histórica do inglês Gordon Banks.
Os não-gols de Pelé são quase tão célebres quanto os mais de mil gols que marcou. Somente um Rei poderia proporcionar este conjunto de jogadas espetaculares que não resultaram em gols.