Teorias conspiratórias são as formas mais irracionais de se pensar em uma hipótese sobre algum acontecimento. E vemos isso frequentemente em qualquer cenário, seja no esporte, na política, na escola… Na F1 não é diferente, e em apenas três corridas esse ano, duas dessas teorias já foram levantadas.
Começamos com Austrália. Na volta 25, Hamilton liderava e os dois carros da equipe norte-americana Haas acabam tendo problemas na saída dos boxes, com isso o Safety Car Virtual (VSC) entrou em ação e diminuiu a velocidade dos carros na pista. Vettel aproveitou para fazer sua parada e, como Lewis vinha mais lento, conseguiu voltar à sua frente.
E aí chegamos na tal história conspiratória. A equipe de Gene Haas é cliente da Ferrari, usa seus motores da construtora italiana nos seus carros, e em condições normais, Raikkonen, que era o segundo antes do incidente, não conseguiria ultrapassar Hamilton. A estratégia suja seria de forjar um incidente com uma de suas equipes clientes para ganhar a corrida.
A questão é: Por que com a Haas, que vinha fazendo sua melhor corrida desde que chegou na F1? Por que não a Sauber, por exemplo, que é realmente a equipe B e vinha fazendo uma corrida que nada importaria se completasse a prova? Nenhuma equipe se sujeitaria a perder todo trabalho feito num final de semana para ajudar um fornecedor a vencer a PRIMEIRA corrida do campeonato. Se fosse na reta final, essa teoria até poderia ser aplicada, mas na primeira?
A outra ocasião é na China, na corrida do fim de semana passado. Na volta 30, Bottas liderava com folga e tudo se encaminhava para a primeira vitória da Mercedes no ano, as Red Bull vinham em terceiro e quinto. Até que Pierre Gasly comete um erro grotesco e acerta sua asa dianteira no pneu traseiro direito do seu companheiro de Toro Rosso, Brendon Hartley. Esse incidente trouxe o Safety Car na pista, Ricciardo aproveitou para botar pneus novos e, consequentemente, ganhar a corrida.
A Toro Rosso é a equipe satélite da Red Bull — até no nome são iguais, traduzindo para o italiano — e por isso a teoria pode ser levantada. É certo que a entrada do Safety Car era suspeita. Por que não um VSC? Isso realmente pode ser um indício, mas então quem estaria errada nisso tudo seria a FIA.
Uma coisa que deixa a Red Bull ilesa dessa: Os carros da Toro Rosso não sabiam que Bottas e Vettel já tinham passado pela linha de chegada — e, consequentemente, não conseguiriam entrar nos boxes — e também nada de suspeito foi falado ao rádio. O que mostra que foi algo de sorte para a equipe austríaca, que soube fazer a melhor estratégia e administrou a corrida. E falando em estratégia, a Red Bull não era para ser a melhor beneficiada nisso tudo, era para ser Hamilton, que se arrependeu em não ter posto o composto macio na hora do SC.
É certo que as pessoas ainda estão traumatizadas pelo famoso caso do GP de Singapura em 2008, reconhecido como “Singapuragate”, onde Nelsinho Piquet provocou uma batida para ajudar seu companheiro Fernando Alonso, que vinha cobrando a Renault por maus resultados na temporada, a vencer a primeira no ano. Mas temos que pensar que: esses acontecimentos foram suspeitosos logo depois do incidente, tendo em mente que a batida do brasileiro parecia proposital e ainda duas voltas depois do espanhol já ter feito sua parada. Fora que se tratava da 15ª corrida do campeonato, reta final.
Contrariando o episódio de Singapura, os casos apresentados se encontram no início da temporada e em nenhuma delas envolve companheiros de equipe e acidentes propositais. Apenas erros de pit stop e um incidente grotesco envolvendo dois carros que disputavam posição na parte inferior da tabela.
Outro caso que também podemos botar em questão, que ao contrário do ‘Singapuragate’ foi comprovado que não houve farsa, foi o episódio envolvendo os dois pilotos da Sauber em 2016, Marcus Ericsson e o brasileiro Felipe Nasr, na qual o comentarista da Sportv Lito Cavalcanti, fazia acusações diárias à equipe suíça alegando, sem provas, que o sueco era favorecido na equipe e tinha sempre o melhor carro na corrida. Algo suspeito que foi desmentido depois de diversas entrevistas do brasileiro, que confirmou que não havia favorecimento e nem motivos para acreditar na tal teoria, já que isso só estaria prejudicando a equipe, que amargurava o último lugar no campeonato.
Por isso, digo: Parem de acreditar em teorias da conspiração! Questionem-se! Não aleguem coisas sem provas. Lógico que pode parecer suspeito, mas as vezes uma pesquisa rápida de conhecimentos gerais no seu cérebro, pode fazer situações suspeitas se tornarem lógicas absurdas.