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Abandonados pelo presidente, manifestantes resistem em frente aos quartéis

A dois dias do fim do mandato, Bolsonaro está de viagem marcada para Miami (EUA)

Por Maga Stopassoli 28/12/2022 - 10:50 Atualizado em 28/12/2022 - 11:27

Dia 30 de dezembro, sexta-feira agora, as manifestações pós-eleições completam dois meses. Iniciadas imediatamente após o resultado das urnas, o movimento fechou rodovias e em seguida migrou para a frente dos quartéis. À espera de um milagre que não ocorreu, os manifestantes pediam intervenção militar. Aos gritos de “forças armadas, salvem o Brasil”, bolsonaristas permanecem dia e noite rezando e esperando que algo aconteça para que Lula não suba a rampa. Nesse meio tempo teve de tudo. Chuva, sol, calor, frio, hino nacional e oração. Tudo, segundo eles, para salvar o Brasil do comunismo. Essa ameaça ronda o nosso país desde a década de 60 quando esse argumento já era comum nos assuntos políticos, pelo menos aqui em Criciúma, como relatou nosso conterrâneo, Zé Dassilva, em seu primeiro livro “Histórias que a bola esqueceu” (mas essa é outra conversa).

Abandonados pelo presidente

Sim. Eu sei que dizer que os manifestantes foram abandonados pelo presidente é uma frase que provoca reações acaloradas. Mas, você sabe, a verdade é como é. E, neste caso, a verdade é que os manifestantes foram sendo abandonados aos poucos, devagarinho, quase que silenciosamente.

Se nos primeiros dias após a derrota, o silêncio do presidente era visto como reação comum de quem perdeu a eleição, nos dias seguintes foi sendo substituído por promessas. Uma onda impressionante de fake news comoveu os mais apaixonados e fez entrar para a história a triste cena de manifestantes comemorando o fechamento do STF e a prisão do ministro Alexandre de Moraes, dois fatos que nunca estiveram nem perto de acontecer. A esperança depositada na promessa de que algo aconteceria sempre dali a 72 horas, proporcionou imagens que nada tem de cômicas. Enganados por quem aproveitou a ocasião para colher algum fruto político, milhares de pessoas país afora tiveram olhos, mas não quiseram ver. E, assim, enquanto alimentavam a presença das pessoas nas ruas, por trás das cortinas palaciais, o futuro do presidente era definido.

Sem intervenção militar, sem golpe, sem amparo, sem presidente. Os manifestantes foram abandonados às vésperas do último dia do mandato de Jair Bolsonaro enquanto seus assessores estão nos preparativos finais para sua viagem para os Estados Unidos.

“Quem não acredita no presidente, por favor, saia do grupo”

No grupo de whatsapp criado para divulgar informações sobre o acampamento em frente ao quartel em Criciúma, a notícia da viagem do presidente ainda está sendo digerida. Uma das integrantes publicou por lá, o link de uma matéria de que detalhava a informação de que Bolsonaro não irá passar a faixa presidencial, e uma pessoa pergunta: “então o molusco (sic) vai assumir sem a faixa mesmo?”. Em resposta, ouve: “espero que não. Antes de viajar, pode ser que deixe uma surpresa”. Também nesta terça-feira, mais cedo, no mesmo grupo, outra informação circulava. Dizia que o novo prazo para o presidente agir seria dia 30, sexta-feira, último dia de seu mandato.

Dessa vez, uma das pessoas questiona quem divulgou a informação. “Onde você tem essa informação que o presidente agirá no dia 30?”. E é repreendido: “quem não acredita no presidente, por favor saia do grupo”. E, assim, no apagar das luzes de 2022, enquanto algumas pessoas permanecem fora de suas casas, longe de suas famílias, lutando contra um inimigo imaginário, uma parte da classe política que diz apoiar as manifestações (mas só via internet), pois sabem que é antidemocrático pedir intervenção militar, já começa a preparar o look branco pro réveillon. Mas, claro, longe dos acampamentos sem conforto.

“O presidente vai agir”

Na terça-feira (27), Jair Bolsonaro nomeou três assessores para continuarem seus assessores quando for ex-presidente da república, dia 1º de janeiro. Dessa forma, o chefe do executivo age, dentro das quatro linhas da constituição, como sempre disse, já que esse é um direito que tem por ter sido presidente. Pelo visto, a ação do presidente prevista para dia 30, vai ser mesmo subir a rampa, mas não a que os bolsonaristas esperavam e, sim, a do avião com destino à Miami.

 

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