Ganhou força nos últimos dias a possibilidade de o PL concorrer com chapa pura a eleição em Criciúma. Essa não é a primeira vez que o assunto vem à tona já que essa é a vontade do governador e presidente do PL, Jorginho Mello. Se a projeção se confirmar, será uma chapa criada por Clésio Salvaro.
O início
Naquela sexta-feira, dia 9 de junho de 2023, enquanto uma das principais lideranças políticas de Santa Catarina assinava ficha no PSD, era difícil imaginar o que o futuro reservava. Clésio Salvaro, prefeito da 8ª maior cidade catarinense, saiu do combalido PSDB e migrou para um dos partidos mais relevantes do estado com a garantia de que indicaria o candidato do partido a prefeito de Criciúma. Naquele momento, Ricardo Guidi era deputado federal do PSD e já vinha deixando clara sua vontade de ser candidato a prefeito. Mas ele não era “o nome” de Clésio. O eleito para a sucessão era o fiel escudeiro, Arleu da Silveira.
Ocorre que a queda de braço interna da sigla se tornou pública cedo demais e, com isso, todas as atenções se voltaram para cada passo que dava o partido de Júlio Garcia que, agora, também era o partido de Clésio. De um lado, o prefeito criciumense bradando que Arleu era o seu candidato (e do PSD). Do outro, Guidi tentando fazer valer o famoso “acordo” que dizia que quem estivesse melhor nas pesquisas é que iria para a disputa.
O tempo passou, o ano acabou, 2024 começou e o cenário mudou. Mas Salvaro mantinha a certeza de que Guidi não sairia do PSD e, com isso, eleger seu sucessor até que não daria tanto trabalho assim. Só que no meio do caminho tinha o PL, de olho numa das principais prefeituras do estado e morrendo de vontade de disputar com o PSD. Quer dizer, não exatamente com o PSD (já que em alguns municípios estarão juntos). A disputa era num andar acima, entre Jorginho, Júlio Garcia e Clésio Salvaro. Talvez uma forma de o governador medir o tamanho do PSD e de sua força, de olho em 2026. A peça para ajustar o embate tinha tudo que o governador precisava: a vontade de ser candidato a prefeito e a falta de espaço em seu partido.
Foi aí que Ricardo Guidi ganhou força no cenário municipal. Se Clésio Salvaro tivesse tido um pouco mais de paciência, teria conseguido segurar o filho do Altair no PSD, ao lado de Arleu, e, após o fim do prazo de filiação partidária, poderia dizer: “olha, tu vais ter de esperar. O candidato será o Arleu”. Mas Salvaro se apressou e anunciou cedo demais que a vaga do PSD já tinha dono. Tudo isso a tempo de Guidi sair de seu partido, assinar ficha no PL e entrar de vez na pré-campanha.
Não bastasse, teve ainda o possível pré-candidato a vice, Acélio Casagrande, que também saiu do ninho salvarista e voou para outros cantos. Acélio bem que tentou convencer o prefeito de que ele era a melhor opção como candidato à sucessão e fez uma verdadeira romaria ao gabinete do 001. As tentativas não funcionaram e Acélio também foi atraído pelo canto da sereia que vinha de outras bandas, neste caso, do PL. Arleu, que ouviu de Júlio Garcia que quem treina bem, joga bem, até que se empenhou nos treinos, fez a sua parte, mas Criciúma resistiu em abraçar seu nome. É do jogo.
As circunstâncias levaram Guidi e Acélio para o mesmo partido, mas não serão apenas elas que os levarão para a mesma chapa. Se no começo da história Jorginho teve a sagacidade de trazer para si os nomes preteridos por Salvaro, agora, o governador quer esse jogo.
É possível que Clésio Salvaro veja seu candidato a sucessor enfrentar uma chapa criada por ele próprio. A dúvida que fica é se tudo isso aconteceu porque Clésio se garante na urna (e transfere votos) ou por erro de cálculo na rota, seja do que faria Ricardo Guidi ou o próprio Acélio.
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