Foram alguns anos, muitas idas e vindas e várias promessas no percurso que resultou no anúncio feito pelo governador Carlos Moisés na última segunda-feira, 21: estavam liberados R$ 9,7 milhões para pavimentar as rodovias Pedro Liberato Pavei e José Martinho Teixeira, na zona rural de Criciúma. Tratam-se de duas das quatro vias que constavam na contrapartida solicitada pelas comunidades dos bairros São Domingos, Vila Maria, Espigão da Pedra e Morro Albino quando das negociações para construção, naquela região no extremo Sul do município, das penitenciárias Sul e Feminina e do Case Sul.
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Hoje ex-vereador de Criciúma, Ademir Honorato exerceu mandato na Câmara entre 2017 e 2020. Liderança da região da Quarta Linha, acompanha de perto da rotina da população que sofre com a poeira e a desvalorização dos imóveis daquelas bandas. "Foram muitos anos com tudo parado. Em 2017 levantamos o assunto, fizemos duas tribunas livres, levamos as comunidades lá, fizemos requerimentos, documentos ao Governo do Estado, na época o governador era o Raimundo Colombo. Fizemos uma grande audiência pública no São Domingos que encheu a casa", lembrou.
Ademir pontuou que, naquela época, a pavimentação das vias não envolva apoio direto do Município. "Mandamos novamente os pedidos de audiência com o governador Colombo, em seguida, em outubro tivemos o aceite do governador, ainda em 2017, levamos as lideranças da região, mais prefeito, secretários, foram várias pessoas", recordou.
O ex-vereador cita um episódio de dezembro de 2018 quando recebeu, do então governador Eduardo Pinho Moreira, a informação de que recursos para pavimentar as vias, ou ao menos começar as obras, teriam sido enviados à prefeitura de Criciúma. "Em 2018 fizemos novamente as cobranças no governo Eduardo Moreira, tive palavra do Eduardo no dia da inauguração do Hospital Santa Catarina que havia mandado o dinheiro para o Município, mas ficou o dito pelo não dito. Na época, o Eduardo Moreira me falou lá no Hospital Santa Catarina que tinha feito um encontro de contas de R$ 2 milhões para fazer a primeira parte da BR-101 até o Case. Fiz cobrança disso, mas ficou nisso. Depois o Eduardo não estava mais lá", detalhou.
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Houve momentos de protestos e até de bloqueio dos acessos às penitenciárias para reclamar da falta do asfalto. "Depois houve pressão da comunidade, fechamos a estrada, e tudo foi surtindo efeito. Interessa é que a semente foi plantada", afirmou.
Saudando a boa notícia desta semana, com a expectativa em breve do início das obras, Ademir sublinhou que não se trata da íntegra da contrapartida ainda. "Na verdade são quatro ruas, e nesse projeto não contempla tudo. E que antes de terminar a comunidade já comece a se mobilizar", registrou.
Ele frisou que o comportamento das famílias mudou naquela região depois da inauguração das unidades: a Penitenciária Sul é de 2008, a Penitenciária Feminina e o Case foram entregues em 2018. "Essas medidas compensatórias são o mínimo. Aquele povo merece muito. Eles perderam a liberdade de dormir com a janela aberta, de deixar as roupas no varal, eles não tem mais essa liberdade, toda a região", observou.
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Ademir chamou a atenção, ainda, para o surgimento de bolsões de pobreza naquele setor, uma preocupação exposta também pelo governador Moisés no evento da última segunda-feira em Criciúma, quando anunciou os recursos para as pavimentações. "O Estado e o Município precisam ter mais atenção ali, estão aparecendo bolsões de pobreza na região. Isso já foi avisado lá atrás, na época das audiências públicas", completou o ex-vereador.
As vias que serão pavimentadas fazem a ligação da Rua Narciso Dominguini, o acesso via BR-101 e São Domingos, até a Penitenciária Sul e em direção ao Case, passando por Vila Maria, Espigão da Pedra e voltando à BR-101 via Morro Albino. Ainda não há prazos definidos para o lançamento da obra.