Foi olhando para o passado que o Agora desta quarta-feira, 2, projetou o futuro da política em Criciúma. Três ex-vereadores compartilharam suas experiências, apontaram memórias e levantaram perspectivas. Os participantes foram Sérgio Pacheco (que além de vereador a partir de 2005 foi prefeito interino), Itaci de Sá (vereador no início dos anos 90) e Vânio de Oliveira (que exerceu mandatos nos anos 80 e 2000).
"Eu estava recém eleito, trabalhando com os colegas para articular o novo presidente da Câmara para 2005. Quando o Décio (Góes, ex-prefeito) foi cassado, a Justiça determinou que o Antonelli (Anderlei, ex-prefeito) deveria ser o prefeito, o povo se revoltou e alguém deu a ideia que deveriam colocar o presidente da Câmara como prefeito", recordou Pacheco, na época filiado ao PP. De repente, a prefeitura "caiu no colo" de Pacheco. "'Vereador, você tem coragem de ser o prefeito de Criciúma?', me perguntaram. Daí fui", emendou ele, que cumpriu um mandato no Legislativo.
Itaci de Sá, eleito em 1988 pelo PMDB, renunciou ao mandato no último ano. "Eu estava no comércio e vi uma senhora falando mal dos vereadores. Aquilo me desgostou. Foi num sábado. Na segunda, renunciei, e fui ser juiz classista representando os trabalhadores", lembrou. Desde então, Itaci, que é pai da deputada Geovania de Sá, não tem mais filiação partidária.
Vânio de Oliveira, que exerceu seu primeiro mandato a partir da eleição de 82, pelo PMDB, depois migrou para o PFL, pelo qual foi deputado estadual. "Eu assumi na Câmara em 83, sempre fui muito visionário. Na campanha eu disse que, se eu ganhasse para vereador, seria deputado estadual depois. Vinha a Constituinte, ganhei espaço na nossa comunidade evangélica, fui o candidato a deputado estadual pela necessidade da representação", frisou. "Nós éramos, na época, três vereadores evangélicos no estado", observou.
Vereadores e assessores
Na época de Vânio, havia 21 vereadores na Câmara de Criciúma. Eram 11 do PDS e 10 do PMDB. Cada bancada tinha um assessor. "E dava certo", contou o ex-vereador. No período de Itaci, a partir de 1989, idem. "Era um assessor para o PMDB, um para o PDS e um para o PT. Os vereadores tinham que fazer fila, chegar cedo para contar com o assessor para elaborar os projetos", referiu. No mandato de Sérgio Pacheco já eram dois assessores por vereador, como funciona hoje. "Cada vereador tem dois, um fica no gabinete, outro anda na rua com o vereador", registrou Pacheco.
E o número de vereadores? "Hoje, os 17 comportam. Içara tem 15, e olha o tamanho, nós temos 215 mil habitantes, Içara tem pouco mais de 50 mil. Esses 17 precisam suprir as necessidades do povo", avaliou Sérgio. "21 vereadores com um assessor por bancada, é muito melhor que 17 com dois assesores por vereador", emendou Vânio. Na época de Pacheco eram 12.
"Eu fui vereador na época da elaboração da Lei Orgânica do Município. Eu apresentei um projeto, uma emenda para que o vereador ganhasse um salário mínimo. Adivinha como foi a votação? 17 contra, apenas o meu voto, e ainda levei uma bronca danada", contou Itaci. "Quando eu entrei, o salário de vereador não dava para sobreviver", referiu Vânio, lembrando que a sua legislatura foi uma das primeiras com pagamento de salários para os parlamentares.
Ouça a íntegra do debate do Agora com os ex-vereadores no podcast: