O secretário de Saúde de Criciúma, Acélio Casagrande, descartou, neste momento, o isolamento vertical no município. A medida foi levantada pelo presidente Jair Bolsonaro em todo o país, após pronunciamento na terça-feira, 23, e debatida pelos prefeitos catarinenses, em vídeo conferência realizada na quarta. De acordo com Acélio, manteve-se o isolamento total nos municípios pelo menos até domingo, quando poderá ser feito um levantamento sobre os impactos da pandemia no estado.
"Acompanhei parte da conversa entre os prefeitos. Ficou definido que eles vão manter o isolamento até o domingo. A intenção é de que o decreto do governo do estado esteja alinhado com os municípios", confirma o secretário. As medidas, na avaliação de Acélio, devem ir de encontro com o posicionamento das referências da área da saúde. "Não desmerecendo e não desrespeitando o que os maiores cientistas, infectologistas e pneumologistas dizem sobre o estrago do vírus sobre o ser humano. Se verificar o pulmão contaminado, a rapidez do vírus é impressionante. É preferível um sacrifício maior de isolamento, porque de fato a gente acompanha casos de problema de saúde desse vírus", acrescentou.
Em conversa com pneumologistas e infectologistas, foi constadado pelo secretário que ainda há uma preocupação grande sobre a pandemia. O Ministério da Saúde estima que o pico do contágio no Brasil seja na metade do mês de abril. "Todos estão ainda muito preocupados com a situação que pode vir. Criciúma está dando exemplo de cooperação. Existem ainda aqueles que saem às ruas, mas tenho certeza que é por necessidade extrema", apontou Acélio.
Em Criciúma, foram confirmados 13 casos de coronavírus - três de residentes de outros municípios. Em todo o estado, ultrapassa 120. Os números, no entanto, dizem pouco neste momento, na análise do secretário.
"Se você tivesse a condição de fazer teste naqueles que têm alguns sintomas o número seria bem maior. Ele transmite muito fácil. O número é bem maior do que dez, 12 ou 15. O vírus está circulando e todo o cuidado é pouco, perto do que poderemos enfrentar pela frente. É necessário continuar esse isolamento o máximo possível, é difícil, mas importante para vencer esse desafio com o mínimo possível de impacto na população", concluiu.
Nesta quinta-feira, o prefeito Clésio Salvaro ventilou a dúvida sobre o isolamento horizontal ou vertical. "Você não pode ficar numa sala, ouvir dois ou três especialistas, e tomar a atitude por 6 ou 7 milhões de pessoas. A gente encontra discordância entre os próprios profissionais. Uns dizem que isolar de forma vertical é o mais adequado, outros dizem que tem que ser o isolamento horizontal", especulou o prefeito.
O isolamento horizontal prevê a quarentena para toda a população, mantendo-se suspensas as atividades não essenciais. Já o isolamento vertical libera as pessoas que não estão na zona de risco da doença para seguirem as atividades.