Ao término de uma entrevista sobre o desvio de carnes da Afasc, o advogado da Associação, Alexandre Barcelos João, fez um "desabafo como advogado da instituição" em relação à nova CPI instaurada na Câmara de Vereadores de Criciúma para investigar possíveis irregularidades. O advogado foi crítico à atuação do presidente da CPI, o vereador Zairo Casagrande (PDT), que nomeu Ademir Honorato (MDB) como relator, em detrimento a Arleu da Silveira (PSDB). Mais cedo, os vereadores trocaram farpas em entrevistas à Rádio Som Maior.
De acordo com Alexandre, a CPI não tem objeto e o objetivo seria atentar contra a honra de pessoas envolvidas na Afasc, pois não há um objeto concreto de investigação. O advogado endossou o coro crítico de Arleu da Silveira sobre o impedimento de ser relator da comissão por ter participado do conselho da Afasc.
"Vê-se em meio de uma discussão de que fulano não pode participar de uma participação porque não há neutralidade. Não há ninguém neutro na Câmara. Com base no discurso de neutralidade, está cheio de jornalista de Facebook achando que consegue fazer jornalismo e dizendo aos jornalistas qualificados e de formação como se deve fazer jornalismo. Assim existem os juristas de plantão que sem a formação, compreendem mais do que aqueles que são especializados na matéria", atacou Alexandre.
O advogado cita o parecer do jurídico da Câmara que apontava para a possibilidade de Arleu participar da comissão. Zairo Casagrande, em entrevista à Som Maior no começo da manhã, afirmou que o parecer era apenas opinativo e que, como presidente da CPI, é obrigado a seguir o regimento, que impediria o voto de Arleu na questão e, consequentemente, definiria Ademir Honorato como relator.
Alexandre rechaçou o argumento do vereador. "O então presidente da CPI, Zairo Casagrande, tem a audácia de dizer que em nome da imparcialidade, ele se sente à vontade e tranquilo para contrariar um parecer jurídico e técnico a bem da comissão. A Afasc sempre contribuiu republicanamente para que fosse esclarecido todo e qualquer fato. Instituíram anteriormente uma CPI sem objeto certo e determinado, podendo investigar tudo", destacou.
"O poder legislativo é onde se faz a representação popular, é de suma importância. É claro, como a luz do dia, que nos municípios se tem bancada de governo e de oposição, não tem bancada independente, neutra. A gente sente vilipendiada a honra da instituição, de modo que é alvo de investigação que brota e não produz qualquer fruto", acrescentou Alexandre.
O advogado sugeriu, publicamente, que a diretoria da Afasc tome uma medida sobre a CPI."Há um trabalho de se expor pessoas para denegrir honras, aconselho a Afasc a reagir a essa condição, porque não pode boneco de promoção pessoal de um ou de outro, seja lá quem for", concluiu. O vereador Arleu, em entrevista à Som Maior, disse que está consultando advogados e pode ingressar na justiça para ser o relator na tarde desta quinta-feira.
A reportagem do Portal 4oito procurou novamente o vereador Zairo Casagrande para tratar sobre a crítica do advogado da Afasc. Ele limitou-se a dizer que trata-se de opinião da parte investigada, que há oito denúncias contra a Afasc e ao término da CPI sairá o relatório sobre o inquérito.