Os acertos e erros do governo Clésio Salvaro fizeram a pauta do programa Agora nesta terça-feira, 16, na Rádio Som Maior. Os vereadores Arleu da Silveira (PSDB) e Zairo Casagrande (PDT) foram os convidados, representando situação e oposição, respectivamente. "O maior acerto foi o pacote de medidas na pandemia de Covid-19. O prefeito com toda a sua equipe, todos se envolveram e o prefeito, na sua humildade de trabalho, juntamente com o vice Ricardo Fabris, foram escutar os especialistas da área", enalteceu Arleu. E o maior erro? "É a incapacidade de dialogar, na inovação, em um processo participativo da comunidade na gestão pública e a falta de planejamento", rebateu Zairo.
Arleu, que já foi secretário de Governo de Salvaro, sublinhou a importância das ações recentes de combate ao novo coronavírus. "O acerto do governo em fazer o Centro de Triagem, em fazer a estrutura na antiga Casa de Saúde do Rio Maina, tanto é que a cidade está voltando ao normal. De tantas obras e ações que o prefeito fez, de maneira mais acertada foi esse controle da pandemia", frisou.
Para o oposicionista Zairo, é importante lembrar o recuo de indicadores econômicos importantes da cidade. "A cada dez anos o IDH de Criciúma cai cinco posições em Santa Catarina. Já fomos o décimo primeiro município, hoje somos o vigésimo. Precisamos de uma cidade com indicadores melhores. Precisamos melhorar muito nossos números na saúde e educação, com gestão com responsabilidade e baseada em números", pontuou.
Em contraponto aos indicadores citados por Zairo, Arleu lembrou que "todos esses números são avaliados a cada quatro anos. Isso reflete o governo Márcio Búrigo que foi uma tragédia para a cidade, que paralisou, ficou sem rumo, sem sentido". "A avaliação do prefeito Salvaro em relação a Ideb, IDH e outros será feita em 2021, que retroage a quatro anos", completou.
Sobre a crítica referente à capacidade de diálogo da gestão Salvaro, Arleu afirmou que cansou "enquanto secretário de Governo, ver o prefeito chamando os vereadores para reuniões. O Zairo não tinha essa aproximação. O prefeito chama a todos, basta falar com os outros 16 vereadore que passam pela prefeitura, o prefeito faz questão de chamar e trocar uma ideia. Se o vereador Zairo não ia, não é problema do prefeito", completou. Zairo rebateu, respondendo que "teria enorme prazer se as ideias que levamos fossem ouvidas. Eu não sigo ordens, não sou office boy do Executivo. Se for participar para ouvir determinações, o prefeito não tem aliados, tem seguidores".
Mobilidade e cemitérios
Provocado sobre pontos questionáveis do governo Salvaro, o vereador oposicionista citou problemas de mobilidade em Criciúma. "Qual a obra este governo fez para resolver o nosso trauma de mobilidade, como atravessar em Criciúma do norte para o sul. Quem atravessa a Centenário, sabe", afirmou. "A gestão desastrosa da terceirização dos cemitérios. Rio Maina não tem mais vagas. São Luiz também. Brasília, está em cima de área invadida, Sangão está em cima de lençol freático", citou.
A gestão da previdência municipal também foi enfatizada. "A dívida atuarial do Criciumaprev ultrapassa R$ 900 milhões. O que o prefeito fez foi tirar 3% da contribuição patronal e passar para as costas dos servidores", relatou. Zairo é o presidente da Comissão de Inquérito da Afasc, na Câmara, que encontra-se suspensa. "A Afasc, por melhor serviço que esteja prestando, hoje é uma ONG que recebe R$ 43 milhões sem controle social. Porque não anexou à secretaria de Educação, ou de Assistência Social", criticou.
Arleu respondeu que "quanto à mobilidade, não resta dúvida que são estruturas que demandam recursos que provavelmente no segundo mandato estaremos trabalhando, com certeza. A Avenida Centenário está sendo toda repaginada, dando melhor condição às pessoas". Sobre o Criciumaprev, o vereador tucano recordou que Salvaro herdou dívidas de gestões passadas. "Criciumaprev, que culpa tem o prefeito que pegou uma dívida fantástica de outros prefeitos, do Décio Góes, do PT, do qual o vereador Zairo pertencia, que não pagou patronal nem servidor. O prefeito agora está pagando religiosamente em dia o atrasado e o para a frente. Essa é a maneira de gestão errada? É a corretíssima", salientou. "Eu com muita honra sou seguidor do governo Salvaro, sim. Estamos no caminho certo", destacou o tucano.
Quanto às críticas referentes à gestão da Afasc, Arleu reforçou que há transparência na entidade. "A Afasc é totalmente transparente. Há um controle interno, no setor de convênios, tem um pessoal que entrega qualquer documento. Governo com muita transparência. A Afasc faz trabalho fantástico", comentou. "É ano eleitoral, e ano eleitoral é toda a vida isso. É picuinha de todo lado. O vereador Zairo tem o lobo da inverdade, da raiva, não quer conversar", bateu.
Sobre os cemitérios, o vereador do PSDB fez a defesa da política de abertura de crematórios em Criciúma. "Não tem mais como ocupar um espaço desse. Agora são os crematórios, não vejo outra saída. Já há pedido de abertura de mais dois na cidade", contou.
Servidores públicos
Para Zairo Casagrande, o governo Salvaro é lembrado pelos servidores como dos que pior trata a categoria. "Servidores reclamam que nunca o Executivo tratou tão mal os seus servidores. O governo não fez nada para diminuir o trauma do Criciumaprev, e fez economia de R$ 600 mil, tirou 30% dos professores, dos servidores, fazendo a gestão de R$ 50 milhões do Covid-19, parece que é pura perseguição, um valor que não vai resolver nada perante a um montante de recursos à disposição para a gestão do Covid", observou. "Cortou 50% da insalubridade do servidor da saúde. Nunca houve um prefeito que tratou tão mal o servidor", completou.
O vereador pedetista frisou, ainda, a alta rotatividade dos profissionais na área de saúde. "E a rotatividade dos profissionais da saúde. O município não resolveu um problema estrutural. O médico entra e logo sai. O número é assustador", referiu. "Como ter política de saúde com essa rotatividade absurda", emendou.
Em resposta, Arleu lembrou que "a alíquota de 3% citada pelo vereador é uma lei federal que todos os municípios teriam que fazer. Foi a garantia para os professores receberem 12,8% de aumento na folha, foi o único município que colocou o professor nessa categoria, Criciúma tem um dos melhores salários do Brasil para professores". Sobre a evasão de profissionais, o tucano salientou que isso é inerente das atividades e suas peculiaridades. "Um médico, assim como um jogador de futebol, um engenheiro, um advogado, um cientista, ele começa sua carreira com um determinado valor, em Criciúma ganha R$ 12 mil saindo formado da Universidade, o que acontece é que passam três, quatro, cinco meses, eles passam na residência em Porto Alegre, em Curitiba, estuda tanto e vai, quando recebe convites ou é aprovado", comentou.
Improbidade
Zairo bateu, ainda, na tecla da improbidade administrativa. "O governo municipal é líder em ações de improbidade administrativa. Por enquanto são quatro, devem chegar a perto de dez até o fim do governo", criticou. O vereador foi autor de denúncias sobre supostos gastos excessivos na aquisição de materiais de manutenção da iluminação pública em Criciúma. "Eu não imagino uma lâmpada e dois fios custarem R$ 1.266. Os valores, o Ministério Público e o Gaeco estão investigando", afirmou. "Com esses valores, se contratássemos empresas da região com mão de obra da Cosip daria para iluminar de Criciúma até Passo de Torres", completou.
Arleu retrucou. "Que bom que isso está no Ministério Público, no Gaeco. Deve ser avaliado. Ninguém está aqui para acobertar ninguém, se tem erros tem que corrigir a rota. O governo acerta e o governo erra, não resta dúvida", frisou. "O vereador deve tirar a dúvida com os engenheiros eletricistas da prefeitura, são da mesma área de formação dele. O vereador Zairo, se quiser, eu vou junto, sento com a secretária. Mas eu particularmente não acredito que tenha algum imbecil na Secretaria de Obras para fazer alguma ação errada. Se tiver erro, tem que corrigir", emendou.
Ouça a íntegra do debate entre os vereadores no podcast: