Ela é a mais jovem deputada estadual de Santa Catarina. A professora Ana Caroline Campagnolo (PSL), de 28 anos, tem um contundente discurso contra o movimento feminista. E foi reverberando opiniões cáusticas que ela escreveu "Feminismo, Perversão e Subversão", livro lançado na noite desta segunda-feira em evento no Auditório Ruy Hülse, na Unesc.
"O movimento feminista tem dois objetivos principais: subverter as identidades dos sexos, acabar com a feminilidade e a masculinidade defendendo a teoria que são construções históricas fraudulentas e que oprimem a mulher e o homem, por isso subversão. A palavra é chocante mas é utilizada pelo movimento feminista". E vai além. "E a segunda perversão é a etapa primeira do movimento feminista, que a gente vê mais comumente, as mulheres desvalorizando seu corpo, instinto e essência da maternidade, defendendo aborto, promiscuidade, divórcio, todos os tipos de mazelas morais que você possa conceber, que estão ligados ao movimento feminista desde os seus primórdios". Essas e outras definições pautaram a palestra da deputada para um atento público.
Ela reforçou antes da palestra, em entrevista à Rádio Som Maior, sua total oposição às causas defendidas por movimentos feministas. "A maior parte do argumento do movimento feminista é falacioso, usam falsas bandeiras para difundir as ideias da perversão e da subversão. Mas como são ideias feias, a sociedade não aceitaria de primeira mão, então o movimento passa uma maquiagem nas suas intenções. Daí diz que está defendendo o empoderamento, o que não acreditamos ser verdade", pontua.
Críticas ao empoderamento
Ana Caroline faz uma crítica, também, ao conceito de empoderamento feminino. "Para quem defende esse empoderamento das mulheres, empoderar a mulher é colocar nos lugares que sempre foram dos homens. Por alguma razão, o movimento feminista acredita que poder é aquilo que os homens vivem. Existem alguns livros que contestam isso", registra. A deputada critica o ambiente político. "Por qual razão seria empoderar uma mulher tirando-a do lar, onde ela tem vida privada, segura, confortável cuidando das pessoas que ela ama, da família e dos filhos, e as colocando no meio da política, que é um ambiente sujo, corrupto, com jogo de interesses. Porque essa troca seria empoderar?", questiona.
Para fomentar seu discurso contra o empoderamento defendido pelas feministas, Ana Caroline evoca até as relações de trabalho. "Porque trabalhar para a família é escravidão mas trabalhar para um patrão capitalista é liberdade? As próprias noções de empoderamento não são muito claras, pois acredito que as mulheres tem certas tendências e preferências. As mulheres preferem profissões ligadas à sociabilidade, comunicação, ciências humanas, letras, enfermagem. Gostam do magistério. E os homens gostam das ciências duras, engenharias, isso é uma tendência. Não existe lei que obriga". A parlamentar emenda dizendo que "estar no mercado de trabalho seria mais nobre e superior a estar cuidando do lar? Não sei de onde tiraram esse padrão de hierarquia. Qualquer ser humano sabe que o mais importante é a família, as pesquisas de satisfação colocam no topo sempre a família, saúde e depois a carreira".
Mas diante da crítica feita à política, de que se trata de um ambiente sujo e corrupto, por qual razão a professora Ana Caroline optou por este caminho para a sua vida? "Para preencher esse espaço. Não existe vácuo no poder, o poder não deixa brechas. Eu percebi essa brecha, que estava esperando uma mulher conservadora e que fosse contra o establishment. Homens contra o establishment já temos, e muitas vezes são desautorizados por serem homens. Um absurdo, uma espécie de apartheid do sexo".
A deputada destaca o crescimento que vem tendo em adesões ao seu trabalho desde a sua eleição como prova dessa "brecha" que, segundo ela, existia na sociedade. "Eu já me elegi com uma votação expressiva e, desde então, esse apoio só cresce. As pessoas estavam esperando uma mulher que finalmente não fosse progressista como todas as outras que me antecederam", defende.
Machismo na Alesc
Ana Caroline garante que não tem há machismo no ambiente em que convive na Assembleia Legislativa. "Nenhum, muito pelo contrário. A gente até cansa de cumprimentar, todos fazem deferência, são gentis, tratam com a gentileza que até na questão político-ideológica se percebe. Na hora de atacar um homem é quase sempre gentil, com algumas exceções, pois tem algumas que merecem todo o tipo de repressão", pondera.
E a deputada usa a crítica ao apontado machismo da política para argumentar mais contra as feministas. "Não consigo entender aquelas que dizem que é um ambiente machista, não é de forma alguma. Isso se baseia em uma falácia numérica. Quer dizer que as mulheres estão mais representadas se houver mais mulheres. Mentira. Nós temos cinco mulheres na Alesc, sou eu e mais quatro, eu não me sinto representada pelas outras quatro, mas me sinto representada por colegas homens. Eu até hoje nunca votei em uma mulher, sempre votei em homens. Eu não considero a questão de sexo, considero a questão ideológica. Assim que deveria ser".
O futuro
Quando indagada sobre futuras conquistas que as mulheres deveriam ter, Ana Caroline lembra que a vida feminina ocidental já oferece inúmeras vantagens. "As mulheres ocidentais dos dias atuais são as mais livres e independentes, e em muitas condições estão até melhores que os homens. Os direitos que faltam seriam aqueles que nos colocariam em uma situação pior que a que estamos. Por exemplo, o dever de servir ao Exército, aposto que nenhuma mulher gostaria de ser obrigada a servir ao Exército", conclui.
Confira a entrevista na íntegra no podcast.