A semana foi de muita movimentação no âmbito político de Santa Catarina. Além das ações municipais e estaduais para contenção da pandemia do novo coronavírus, os depoimentos da CPI dos respiradores, que investiga a compra dos 200 equipamentos pelo valor total de R$ 33 milhões em SC, mexeram com o cenário político do estado e também com o futuro de Carlos Moisés no governo. Nesta sexta-feira, 22, ocorreu o segundo debate sobre política catarinense no SC em Pauta, com a participação dos jornalistas Marcelo Lula, Adelor Lessa, Maria Helena Pereira e Ananias Cipriano.
Um dos principais destaques entre os depoimentos da CPI, se não o principal, foi o do controlador geral Luiz Felipe Pereira - dado nesta quinta-feira. Durante questionamentos do deputado João Amin, o controlador responde: “nós identificamos a questão do roubo, temos a questão da ilicitude, se verificou isso em 18 de abril”.
“Ele [Luiz] praticamente admitiu que prevaricou. Admitiu que foram sim encontradas falhas e erros no processo. E se ele encontrou, por que não fez nada? Se deixou levar pela pressão, segundo ele feita pelo ex-secretário Douglas Borba, e acabou prevaricando, porque não fez o seu trabalho”, pontuou Marcelo Lula.
Ananias ainda ressalta a insistência própria do controlador em tratar o assunto como algo ilícito, tendo a oportunidade de se retratar e afirmar um equívoco e não o fazendo. “O controlador falou ‘roubo’, um tipo penal, e depois tentou corrigir falando ilicitude. O roubo não é ilícito? Se ele quisesse se corrigir, deveria ter falado: me equivoquei, não tenho o objeto que foi subtraído, não tenho como confirmar e retiro o que disse. Mas ele não retirou o que disse”, afirmou.
Futuro do governador Carlos Moisés
Aos poucos, o governo de Carlos Moisés vai passando por provações e investigações. Dois secretários já decidiram abandonar o cargo, Helton Zeferino da Secretaria de Saúde e Douglas Borba da Casa Civil, ambos investigados pela CPI. Além disso, Moisés segue com cinco pedidos de impeachment em análise - protocolados durante a pandemia.
“A situação de Moisés para um afastamento, impeachment ou algo do gênero vai depender muito do que vem pela frente nas ruas. Ele terá torcida? quem vai montar um time por ele? Não depende mais de só fazer aproximação com deputados para liberar emendas, se o ambiente na rua for ruim não haverá um deputado que irá assumi-lo. A situação é diferente de Brasília: Bolsonaro tem gente na rua por ele, o governador não tem”, ressaltou Adelor.
Ananias ainda destaca uma mudança de comportamento por parte da população catarinense, que passou a acompanhar de “perto”, através das lives, as próprias investigações da CPI. A população do estado está engajada com a investigação e tem interesse em saber do que aconteceu e o rumo que as coisas irão tomar.
Para Maria Helena, um possível envolvimento complica ainda mais a situação de Moisés. “Não podemos deixar de citar os últimos acontecimentos que mostram claramente, por documentos, que o governador sabia que aqui em Santa Catarina era possível a fabricação e a entrega de respiradores pro estado, por um valor bem mais baixo do que os R$ 33 milhões, parece que a R$ 70 mil à unidade”, declarou.
A passividade do governador em suas declarações enquanto as investigações começam a ocorrer em seu próprio governo também é algo destacado pelos jornalistas. Moisés esteve ao lado de Helton Zeferino durante todas as acusações até o momento de sua demissão voluntária. O mesmo ocorreu em relação à Douglas Borba, sem mostrar resistência às acusações de corrupção.
Importância das declarações da próxima terça-feira
As declarações da CPI dos respiradores da próxima terça-feira, 26, prometem ser decisivas para o rumo das investigações. Helton, Douglas e Márcia Pauli, uma das investigadas na compra dos respiradores, prestarão depoimentos no mesmo dia. “Os depoimentos de terça serão cruciais para o processo”, definiu Lula.