Mais que uma expressão, um ato de amor. Ela diz que não entende tanta repercussão, mas em tempos que a humanidade necessita de atos de empatia e compaixão, a psicóloga Maria Célia Bini, 57 anos, resolveu raspar a cabeça em um gesto de amizade verdadeira.
Moradora de Criciúma e avó de dois netinhos, essa jovem senhora busca apoiar, de forma mais profunda, uma amiga que luta contra o câncer. "São 17 anos de convivência. A Adri é uma amiga muito especial. E ela demonstrou sua confiança em mim quando me convidou para ser madrinha de sua filha Olívia", conta Maria Célia.
E no dia 06 de maio de 2021, Adri mandou um áudio para Maria contando do diagnóstico de câncer de mama. Algo que abala qualquer pessoa, e como Maria Célia já conhecia a doença por ter trabalhado como psicóloga por cinco anos em um hospital, viu a necessidade de amparar e estar unida ainda mais da amiga Adriana Machado, 39 anos. "Eu sabia o quanto ela amava os seios e seus cabelos. E que ela não teria mais. O câncer era muito agressivo. E ela foi lá e fez o que teve que fazer", relembra.
Foi então que a mente de Maria Célia foi tomada por pensamentos de como demonstrar o seu amor por Adri. "Sempre me perguntava como demonstrar o quanto me importo e a amo. O que posso fazer para dizer que estou com ela? Queria deixar mais leve a carga que ela carregava, os estigmas de olharem para ela e dizerem ‘você está com câncer né?’", diz emocionada.
Plano em ação
E com os tratamentos e pandemia, as amigas acabaram deixando um encontro para acontecer neste começo de ano. Na última sexta-feira, 14, Adriana - que é de Palhoça, veio visitar Maria em Criciúma. "Sabia o quanto o cabelo era importante para ela. Aí conversamos muito, rimos, choramos, e durante a conversa eu pensei: vou raspar a cabeça para ficar "igual" ela".
E na manhã deste domingo, dia 16, enquanto Adri dormia, Maria Célia tomou a decisão de raspar a cabeça. "Arrumei tudo e comuniquei a minha decisão. Ela começou a chorar e dizer que ela sabia do meu amor, que não precisava. Só que já era decisão tomada, meu coração pedia isso. É como eu disse no vídeo: o que é o cabelo comparado a uma vida?".
Esse era o gás que Adriana precisava para realizar sua última quimioterapia. "Depois ela vai fazer radioterapia. E eu disse: enquanto você estiver careca eu também estarei. Até ficamos parecidas".
E essa grande amiga ainda vai mais longe e homenageia os que passam pela mesma dificuldade que Adri. “Esse ato e para todas as pessoas que perderam o cabelo”, encerra Maria Célia Bini.