Os corpos das cinco vítimas do ataque à faca em Saudades, nesta terça-feira, 4, devem ser liberados para velório e sepultamento por volta das 22h. Foi a informação concedida em entrevista coletiva no começo da noite desta terça.
A Polícia Civil aguarda a recuperação do autor do crime, o jovem de 18 anos Fabiano Kipper Mai, para tentar elucidar a motivação. No entanto, o delegado Jerônimo Marçal Ferreira disse não ter certeza se atingirá o objetivo. Sabe-se que Fabiano era introspectivo, sofria bullying e vinha maltratando animais recentemente.
Participaram da coletiva o prefeito de Saudades, Maciel Schneider (PSL), a governadora em exercício de Santa Catarina, Daniela Reinehr, o delegado Jerônimo Marçal Ferreira e o presidente do Colegiado Superior de Segurança Pública e Perícia Oficial de Santa Catarina, Paulo Koerich.
O autor
A polícia Civil já conseguiu traçar o perfil do autor do ataque. "Um rapaz problemático", citou o delegado. Segundo relatos de testemunhas, o jovem sofria bullying na escola e vinha maltratando animais.
"Muito introspectivo, aquele perfil que não é incomum hoje em dia, se tranca no quarto e ninguém sabe o que faz no computador. Jogos online, alguns violentos, problemas dentro de casa, inclusive razão do bullying não queria mais ir para escola. Uma família humilde que não sabia que precisava conversar e saber o que fazer com o jovem", aponta.
O delegado espera conversar com o jovem assim que ele recuperar-se dos ataque que desferiu contra si próprio, para entender a motivação do ataque à escola.
A espada ninja usada pelo jovem ele adquiriu há pouco tempo e teria dito à família, "em tom de brincadeira", que seria para maltratar animais. "Ninguém na família esperava essa atitude", completou o delegado.
O caso
O jovem invadiu a creche na manhã desta terça-feira, em Saudades, cidade de pouco menos de 10 mil habitantes no Oeste Catarinense. Portando uma catana, espada samurai, ele atacou uma professora, uma funcionária do local e quatro crianças.
As duas mulheres e três crianças com menos de dois anos morreram, enquanto a quarta criança segue internada. Após o ato, o jovem tentou se matar e foi encaminhado ao hospital.
Segundo divulgado pela Polícia Civil, Fabiano Kipper Mai faz um perfil mais fechado, que trabalhava e não saía muito de casa. Na residência do rapaz foi apreendido um computador para análise da polícia e encontrada a quantia de R$ 11 mil, segundo os pais, dinheiro que Fabiano juntou oriundo de trabalho.
Ação policial
Após os ataques, a Polícia Militar de Saudades foi acionada junto à Polícia Civil, Co rpo de Bombeiros e Instituto Geral de Perícias. O sargento Marcos, que participou da primeira intervenção da PM, explicou a ação realizada.
"Desloquei-me com o meu carro particular e me deparei com a cena. Constatei que havia criança em óbito. Ele tentou suicídio, estava ensaguentado, não conversava muito", relatou.
Um bebê permanece hospitalizado em estado gravíssimo. O autor não corre mais risco de vida, de acordo com o Corpo de Bombeiros.
Os corpos das vítimas devem ser liberados às 22h para o velório e sepultamento, após avaliação sobre as lesões sofridas. Segundo o IGP, foram ao menos cinco golpes em cada vítima, em diferentes locais do corpo: tórax, abdômen, glúteos, costas e cabeça nas crianças. Na professora Keli Adriane Aniecevski, 30 anos, foram ataques nas costas, braço e perna, enquanto a servidora Mirla Renner, 20 anos, foi atingida no abdômen.
As crianças mortas foram identificadas como Sarah Luiza Mahle Sehn, de 1 ano e 7 meses, Murilo Massing, de 1 ano e 9 meses e Anna Bela Fernandes de Barros, de 1 ano e 8 meses.
Manifestações
O prefeito de Saudades e a governadora em exercício de Santa Catarina falaram sobre o caso. "O dia mais triste da história do município. Jamais sonhávamos que poderíamos passar por esse momento", lamentou o prefeito Maciel Schneider.
Já Daniela Reinehr salientou as mobilizações do Estado para as investigações e apoio às vítimas e familiares, citando como exemplo o encaminhamento de 25 psicólogos para auxílio no município.
"Cabe a todos nós trazermos nossa solidariedade e apoio, além da agilidade no encaminhamento para que os corpos sejam liberados o mais rápido possível, minimizando a dor das famílias", disse Daniela Reinehr.