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Bolsões de pobreza levantam alerta no entorno das penitenciárias

Moradores mais antigos lembram, também, que faltará asfalto para completar acesso às unidades prisionais no Sul de Criciúma

Por Denis Luciano Criciúma, SC, 26/02/2022 - 20:15
Uma das estradas que ganhará asfalto no extremo Sul de Criciúma / Arquivo / 4oito
Uma das estradas que ganhará asfalto no extremo Sul de Criciúma / Arquivo / 4oito

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Quando esteve em Criciúma na última segunda-feira, 21, no ato em que liberou R$ 9,7 milhões para pavimentar acessos às penitenciárias Sul e Feminina e ao Case Sul, o governador Carlos Moisés expôs a preocupação com o surgimento do que chamou de bolsões de pobreza em regiões como esta. 

"Sabemos que há um impacto e temos que programar o desenvolvimento dessas regiões pra gente não ter bolsões de pobreza, não ter desenvolvimento desordenado", comentou Moisés. "Para aquela comunidade não sofrer com barro, poeira e pó no dia a dia com o movimento intenso, é um retorno que o Estado tem que trazer, estamos fazendo esse movimento de investimentos cumprindo o nosso compromisso de atender os prefeitos", emendou. Moisés observou que "um equipamento como a penitenciária movimenta a realidade econômica no entorno".

Na questão de um possível bolsão de pobreza, a presidente da Associação de Moradores do Espigão da Pedra Rosane Castelan, confirma. A comunidade em que ela reside, localizada no limite de Araranguá com Criciúma, também foi impactada pelas instalações das unidades prisionais - penitenciárias Sul em 2008 e Feminina em 2018 na Vila Maria e Case Sul no São Domingos em 2018 -.

"Pegamos uma época difícil, o processo imobiliário daqui verteu para um lado que não deveria, a venda de pequenas propriedades. As propriedades já são pequenas, apenas auto sustentáveis, daí começaram a vender pequenos pedaços, a preços módicos, atraiu um público que não vai valorizar muito esse espaço", observou Rosane. "A gente vê sim a proliferação de pequenas residências, mais humildes, mas até aqui não se tem nada registrado de incidentes, de desconforto nessa situação", ponderou.

O ambiente mudou

Região pacata no extremo Sul de Criciúma, o entorno dos bairros São Domingos, Vila Maria e Espigão da Pedra não é mais o mesmo depois da chegada das unidades prisionais. "Nem sempre esses presos dali estão presos. Às vezes eles transitam por nossas estradas, precisam de atendimento médico, enfim. Acontecem também problemas dentro da unidade prisional que acarretam confusão no entorno, de viaturas e pessoal se movimentando, isso gera uma insegurança emocional, nem tanto insegurança física", registrou Rosane.

Ela mora na Estrada Geral do Espigão da Pedra, que é a sequência da Rodovia Pedro Liberato Pavei, uma das duas vias que serão pavimentadas com o recurso recém liberado pelo governador para a prefeitura de Criciúma. É na Pedro Pavei que está instalado o Case Sul, implantado em meados de 2018 para acolher jovens infratores. "O trânsito de veículos para o Case, que é a rua que eu mais transito, pela manhã é mais intenso, pelo número de funcionários. E quando há épocas de visitas também é bastante intenso o tráfego", ponderou a líder comunitária.

Na época da luta pelo Case, a briga também era pelo asfalto, que só vai chegar agora / Arquivo / 4oito

Rosane lembra que a região tem, por suas estradas esburacadas e empoeiradas, o trânsito também do transporte escolar. "Nessas mesmas duas rodovias temos o tráfego do transporte escolar que pega os nossos alunos da parte de Criciúma de levar à escola mais próxima no São Domingos ou na Quarta Linha. Esse transporte transita nessas estradas estreitas e enfrentando esse vai e vem de veículos maiores ou menores", detalhou.

E há, ainda, os caminhões de pequeno e médio porte que transitam por ali para abastecer as unidades prisionais. "Essas instituições precisam de abastecimento, de caminhões que tragam as refeições", observou.

Comunidade feliz com o asfalto

A lídera comunitária fez parte das inúmeras idas e vindas das discussões que antecederam a conquista do asfalto na região. Tudo começou antes de 2008, com o projeto de implantação da Penitenciária Sul na Vila Maria. A contrapartida inicial, que era o asfalto na Rodovia Narciso Dominguini, no acesso pelo São Domingos a partir da BR-101,, só foi entregue em 2011 e ainda parcialmente. O Estado fez, com contrapartida municipal, 3,5 quilômetros de asfalto, não chegando até a Penitenciária Sul.

"A comunidade está bastante feliz com essa notícia", comentou Rosane, ao repercutiu o repasse de R$ 9,7 milhões do governador Moisés para o prefeito Clésio Salvaro executar o asfalto das rodovias Pedro Liberato Pavei e José Martinho Teixeira. No cotidiano, a conservação do chão batido dessas estradas vem sendo feito. "Temos o respaldo da prefeitura sobre a conservação das estradas, que estão sendo cuidadas, mas são estreitas, antigas", observou Rosane. "Na temporada de seca elas se mantém, mas com a chuva começa a buraqueira, o lodo", detalhou.

Rosane Castelan fala, agora, em sonho realizado para as comunidades da região. "A comunidade fica bastante satisfeita com esse encaminhamento do prefeito e do governador no sentido de acalentar esse transtorno causado em nossas vidas. Essa pavimentação prevista nesse projeto, com esses recursos destinados, vêm sim melhorar a qualidade de vida, o ambiente de vivência", elogiou.

Leia também - A longa luta até a chegada do asfalto na penitenciária

Mas vai faltar asfalto

Em 2011, quando entregue a pavimentação da Narciso Dominguini, faltou um pedaço até a Penitenciária Sul, que é justamente a Rua José Martinho Teixeira. Na Pedro Liberato Pavei, são 3,6 quilômetros entre a BR-101 e o cruzamento com a Narciso Dominguini, passando pelo Case e chegando ao Espigão da Pedra, já no limite com Araranguá. Aí vem um problema: faltará asfalto em um pedaço da rodovia.

"Cabe a nós, enquanto moradores daqui, requerer da prefeitura de Araranguá para fazer todo o anel, para que complete esse anel que vai trazer uma saída e uma entrada até a BR-101 de forma mais segura e mais rápida", explicou Rosane Castelan. Acontece que a linha que separa Criciúma e Araranguá corta a Pedro Liberato Pavei, ao Sul do Case e antes do cruzamento com a Narciso Dominguini. 

"No momento em que pedimos medidas compensatórias, foi para dar acesso rápido à BR-101 e para dar mais condições para os moradores daqui. Esse anel da Martinho Teixeira e da Pedro Liberato fica faltando um pedaço que pertence à prefeitura de Araranguá", reforçou Rosane. "Em sendo recurso do Estado, o município de Araranguá pode entrar numa parceria, já que é uma extensão bem menor", observou. 

Essa falta de um pedaço de asfalto se justifica pois o repasse estabelecido foi do Governo do Estado com a prefeitura de Criciúma. Logo, o prefeito Salvaro só poderá executar o trecho criciumense. "Teria mais 1 quilômetro e pouco com Araranguá", reforçou Rosane. "Com essa seca a poeira é uma coisa de louco. Tem bastante poeira. Embora tenha tratado a via com o seixo rolado, o que diminuiu a poeira, mas ainda tem bastante", completou a líder comunitária.

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