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Bolsonaro rebate Moro: "o senhor não vai me chamar de mentiroso"

Presidente responde às declarações do ex-ministro, que deixou o cargo nesta sexta-feira

Por Marciano Bortolin Brasília, DF, 24/04/2020 - 17:02 Atualizado em 24/04/2020 - 18:19
Reprodução
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Decepcionado e surpreso. Assim o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), se referiu à decisão do agora ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, que na manhã desta sexta-feira, 24, anunciou, em entrevista coletiva, que estava deixando o cargo.

O motivo foi a exoneração do diretor-geral da Polícia Federal (PF), Maurício Leite Valeixo, publicado no Diário Oficial da União. “Estou decepcionado e surpreso com o seu comportamento. Não me procurou e preferiu uma coletiva para anunciar o seu desligamento. Jamais lhe procurei para interferir em investigações. Apenas quase que implorar por informações sobre investigações de casos me envolvendo. Desculpe senhor ministro, o senhor não vai me chamar de mentiroso”, comentou em pronunciamento da tarde desta sexta-feira. 

Bolsonaro falou também que Moro disse que aceitaria a saída de Valeixo após ele (Moro) ser indicado pelo presidente ao Superior Tribunal Federal (STF).

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O presidente comentou que Valeixo já solicitava a saída desde janeiro e que buscou entendimento e criticou a fala de Moro na entrevista coletiva. “Eu sempre fui do diálogo, vocês não encontram nenhum ministro que eu impus algo. Ele fez acusações infundadas que eu lamento. Para muitos, vai deslustrar a sua tão defendida biografia. Para nós tem algo mais importante que a biografia. É o bem-estar da nação. Ontem (quinta-feira) falei que precisávamos por um ponto final nisso (a saída de Valeixo) e ele pediu que nome tinha que ser o nome dele (o indicado). Porque não poderia ser o meu? Ou de consenso de nós dois? Falei que queria um delegado que eu sinta, além da competência, que eu pudesse interagir com ele. Mas infelizmente, ou felizmente, após a conversa de ontem ele pediu demissão”, relatou.

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O presidente disse ainda que a decisão é dele e que dá autonomia aos ministros. “Se posso trocar um ministro porque não posso trocar um diretor da Polícia Federal? Não tenho que pedir autorização para ninguém. A Polícia Federal de Sergio Moro se preocupou mais com Mariele do que com o presidente. Tive que quase implorar para que o caso porteiro da minha casa seguisse sendo investigado. Eu tenho um Brasil a zelar. Não só fiz um juramento, tenho dado mais que a vida para a minha pátria. Tenho dado desconforto da minha família. Recebendo as acusações mais torpes não só para a minha família, mas para aqueles que estão ao meu lado”, afirmou.

História

Antes de falar dos últimos acontecimentos, Bolsonaro lembrou que Sergio Moro é conhecido pela Operação Lava Jato e da vez em que o então juiz não o cumprimentou em um restaurante. “Todos nós conhecemos o juiz Sergio Moro. Ninguém nega o seu brilhante trabalho na Lava Jato. Conheci ele em 2017 em uma lanchonete, quando ele praticamente me ignorou. Fiquei triste, era um ídolo para mim, eu era um humilde deputado. Para a minha surpresa, recebi um telefonema dele falando do episódio. Me senti de certa forma reconfortado. O tempo passou, entrei em campanha e ele seguiu em Curitiba. Acabou o primeiro turno, passei para o segundo com o Fernado Haddad do PT, neste tempo, recebi uma ligação de uma pessoa que queria fazer com que o Sergio Moro fosse ministro, fiquei feliz. Ele não esteve comigo na campanha, Não sei em quem votou no primeiro turno e nem quero saber. O voto é sagrado e secreto. Evitei de conversar com ele naquele momento. Eu não queria aproveitar do prestígio dele para conseguir a vitória. Após a vitória da democracia, da liberdade, o recebi na minha casa na Barra da Tijuca. Passamos alguma coisa como seria tratado caso aceitasse o convite para ser ministro da Justiça. Acertamos como fiz com todos os ministros”, lembrou.

Panelaço

Durante o pronunciamento, algumas pessoas foram às janelas e sacadas para protestar contra o presidente com panelaço. Criciúma e Florianópolis são algumas das cidades catarinense onde o ato aconteceu. 

Assista a entrevista no vídeo abaixo:

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